domingo, 22 de maio de 2011

A vida de Santa Rita de Cássia

NASCIMENTO

Santa Rita nasceu em 22 de maio de 1381, num humilde povoado chamado Rocca Porrena, a 5 km de Cássia, na Itália, em uma região montanhosa, na província da Úmbria.

A Úmbria, embora fosse na época uma região pouco povoada, se tornou berço de muitos filhos ilustres, entre eles São Francisco de Assis, São Bento e Santa Clara, além de Santa Rita. Os pais de Santa Rita, Antonio Marcini e Amata Ferri, formavam um casal exemplar e eram conhecidos pelos seus amigos como "pacificadores de Jesus Cristo".Gozavam de imenso prestígio e autoridade no meio daquela gente, por suas virtudes. Sua ocupação diária era visitar os vizinhos mais necessitados, levando a eles ajuda espiritual e material.

Para que sua felicidade fosse completa, faltava ao casal um filho. Apesar da idade avançada de Amata (62 anos) Deus atendeu às suas preces: conta a história que um anjo apareceu a ela e lhe revelou que daria à luz uma menina que seria a admiração de todos, escolhida por Deus para manifestar os seus prodígios. Esta admirável criatura, foi batizada em Santa Maria dos Pobres, em Cássia, porque o pequeno povoado de Rocca Porrena teve uma pia batismal somente em 1720. O nome de Rita, diminutivo de Margherita, foi revelado pelo anjo, com o qual a Santa se tornou conhecida para sempre.

O PRODÍGIO DAS ABELHAS BRANCAS

Tal fato prodigioso aconteceu quando Antonio e Amata iam trabalhar nos campos, para ganhar seu próprio sustento, colocavam sua filhinha num cesto de vime e abrigavam-na à sombra das árvores. Um dia, a criança sonhava, com os olhos voltados para o céu azul, quando um grande enxame de abelhas brancas a envolveu, fazendo um zumbido especial. Muitas delas entravam em sua boca e aí depositavam mel, sem a ferroar, como se não tivessem ferrões. Nenhum gemido da criança para chamar seus pais; ao contrário, dava gritinhos de alegria. Enquanto isso, um lavrador que estava próximo feriu-se com uma foice, dando um grande talho na mão direita. Dirigindo-se imediatamente para Cássia, a fim de receber os necessários cuidados médicos, ao passar perto da criança viu as abelhas que zumbiam ao redor de sua cabeça. Parou e agitou as mãos para livrá-la do enxame. No mesmo instante, sua mão parou de sangrar e o ferimento se fechou. Gritou de surpresa, o que chamou a atenção de Antonio e Amata que acorreram ao local. O enxame, por alguns instantes disperso, voltou ao seu lugar e mais tarde, quando Rita foi para o mosteiro de Cássia, as abelhas ficaram nas paredes do jardim interno. Este fato é relatado pelos biógrafos da santa e transmitido pelas tradições e pinturas que a ele se referem. A Igreja, tão exigente para aceitar as tradições, insere esta circunstância nas lições do Breviário. Tendo atribuído o nascimento de Rita a um milagre, seus pais também atribuíram este acontecimento a um prodígio divino.


INFÂNCIA E JUVENTUDE


Rita era para seus pais um precioso dom concedido à sua fé e orações, e assim eles se esmeravam em educar a sua filha nos sentimentos religiosos, mesmo sem ter aprendido a ler ou escrever, ensinaram a Rita desde menina tudo acerca de Jesus, a Virgem Maria e os mais conhecidos santos.
Rita, igual a Santa Catarina de Sena nunca foi à escola para aprender a escrever ou a ler (A Santa Catarina foi dada a graça de ler milagrosamente por nosso Senhor Jesus Cristo), para santa Rita seu único livro era o Crucifixo.Rita era um anjo, dócil, respeitosa e obediente para com seus velhos pais, a quem amava com delírio.

Os ensinamentos que seus pais lhe davam levaram-na a decidir, aos 8 anos de idade, a consagrar a sua virgindade a Jesus, esposo das virgens.

SENTIMENTOS RELIGIOSOS

Gostava tanto da vida retirada que seus pais lhe permitiram ter um oratório dentro de casa; ali passava os dias meditando no amor de Jesus, castigando seu inocente corpo com duras penitências.
Ela sempre pensava no modo de confirmar definitivamente sua consagração a Jesus Cristo por meio dos votos perpétuos. Rita chegou a pedir, de joelhos, licença para entrar no convento.

O CASAMENTO

Seus pais, porém, com a idade avançada e guiados pelo amor natural, não querendo deixá-la só no mundo, resolveram casá-la com um jovem que pedira a mão de Rita, chamado Paulo Fernando, descrito como um homem pervertido, de caráter feroz e sem temor a Deus, que seria capaz de provocar um verdadeiro escândalo se Rita e seus pais não aceitassem esse casamento. Assim, Rita se viu obrigada a se casar.
Que lutas, que dores para o coração dessa jovem, entre o amor à virgindade e a obediência devida a seus pais! Não tinha coragem de dar a um homem o coração que desde a infância consagrara a Deus e, por outro lado, causavam-lhe piedade seus velhos pais, muito idosos, aos quais se acostumara a obedecer nas mínimas coisas.
Quis Deus assim dar-nos nela o exemplo de uma admirável esposa, cheia de virtude, ainda nas mais difíceis circunstâncias.
Depois de Matrimônio, seu esposo demonstrou ser bebedor, mulherengo e abusador.
Quanto padeceu ela durante o período que viveu com seu esposo! Não tem conta as vezes que bebeu o cálice da amargura até a última gota; incontáveis os atos de paciência e resignação que praticou, as lágrimas ardentes que derramou...
Injuriada sem motivo, não tinha uma palavra de ressentimento; espancada, não se queixava e era tão obediente que nem à Igreja ia sem a permissão de seu brutal marido.

A CONVERSÃO DO MARIDO

A mansidão, a docilidade e prudência da esposa, porém, suavizaram aquela rude impetuosidade, conseguindo transformar em manso cordeiro aquele leão furioso. Fernando não pôde resistir a tanta abnegação e mudou completamente de vida, tornando-se um marido respeitoso.
Rita sentia-se muito feliz por ver o seu marido convertido ao bom caminho. Não se cansava de dar graças a Deus por tamanho benefício. Sentia-se feliz por educar nos princípios da religião os dois filhinhos que o céu lhe dera: João Tiago e Paulo Maria. 


A MORTE DO MARIDO DE RITA

Mas durou pouco tempo aquela felicidade de santa esposa e mãe! Quando menos esperava, tudo mudou, e de um modo muito violento e trágico: seu marido foi ferozmente assassinado pelos inimigos que fez em sua vida de violência. Rita tomou todas as providências para um sepultamento digno para seu marido, multiplicando suas orações e penitências em sufrágio da sua alma. Praticou, ainda, o supremo ato heróico de perdoar os seus assassinos.
Refeita da primeira dor causada pela morte do marido, a piedosa mulher concentrou toda sua atenção e solicitude em seus dois filhos. A mãe atenta percebia que os dois jovens apresentavam sintomas de desejos de vingança, o que ela não podia aceitar. Rita percebeu que seus filhos não mais a escutavam com a mesma docilidade e que a voz do sangue os arrastaria mais tarde ao mal.
Quando se viu em tal situação, a mãe dedicada tomou uma resolução heróica e pediu a Jesus Crucificado que levasse os seus filhos inocentes, se fosse humanamente impossível evitar que se tornassem criminosos.
Um após outro, caíram doentes os meninos e Rita os tratou com o máximo cuidado, velando para que nada lhes faltasse, procurando todos os remédios necessários para lhes conservar a vida, mesmo à custa dos maiores sacrifícios.
Sabia que era seu dever socorrê-los e queria cumprir generosamente esse dever. Os meninos morreram, com pequeno intervalo, um após o outro, cerca de um ano depois da morte de seu pai. Rita depositou os corpos de seus filhos ao lado de seu marido e ficou só no mundo; só, mas com seu Deus.

O SONHO DE SER RELIGIOSA

Com a morte dos pais,depois a morte trágica do marido e por fim a morte dos filhos, rita ficava sozinha no mundo por isso passou a se dedicar com afinco à prática das virtudes, às obras de caridade e à oração. A caridade para com o próximo era inesgotável. Não se contentando em dar o que tinha, trabalhava com suas próprias mãos para poder dar mais, e convidava suas amigas e conhecidas para que fizessem o mesmo.
Tudo isto, porém, não bastava para aquela alma inflamada pelo amor divino. Em seus sonhos de menina, Rita sempre tinha aspirado ao claustro como a um asilo de paz para sua alma. Quando ia à cidade, ao passar diante das portas dos mosteiros onde teria podido servir a Deus com todas as suas forças, parecia-lhe que uma força interior e poderosa a atraía, e ela experimentava uma santa inveja das virgens que ali estavam encerradas.
Mas, que abismo entre os seus primeiros anos e seu estado atual! Embora a voz que a chamava ao estado religioso continuasse forte, poderosa e insistente, Rita sabia que não podia mais levar o frescor virginal de sua vida de menina e achava-se indigna de viver entre as virgens consagradas a Deus. Rita encorajou-se, porém, e resolveu fazer uma tentativa.
Bateu à porta do convento das agostinianas de Santa Maria Madalena e expôs à superiora o seu ardente desejo. Seu aspecto humilde e piedoso causou excelente impressão na religiosa; mas o convento, que somente recebia jovens solteiras, jamais havia aberto suas portas a uma viúva, e a pobre mulher se viu rejeitada. Imaginem em que estado de alma Rita voltou a Rocca Porena. Voltou às suas orações, às mortificações, às boas obras e, tendo retomado a confiança, voltou ainda por duas vezes à porta do mosteiro de Santa Maria Madalena, sofrendo duas novas rejeições. Rita se abandonou à vontade de Deus, recomendando-se mais do que nunca a seus santos protetores.
Quando Deus a viu perfeitamente resignada e confiante, teve compaixão dela e, uma noite, quando estava em oração, ouviu chamar: "Rita! Rita!". Ela não viu ninguém e, pensando ter se enganado, voltou às suas orações. Mas, pouco depois, ouviu novamente: "Rita! Rita!". Desta vez, teve a certeza de que não se enganara. Levantando-se, abriu a porta e foi à rua. Eram 3 homens e Rita não tardou a reconhecê-los: eram seus protetores São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino, que a convidaram para segui-los.
Em êxtase, como num sonho, ela os seguiu e em pouco tempo estava em Cássia, diante do convento de Santa Maria Madalena. As religiosas dormiam e a porta esta bem trancada. A mesma porta que por três vezes se fechara diante dela, a porta que lhe era a entrada do paraíso terrestre. Era impossível abrir essa porta por meios humanos, mas os santos que Deus enviara para acompanhá-la fizeram com que ela se encontrasse no interior do mosteiro.
Quando as religiosas desceram para se reunir no coro, ficaram estupefatas ao encontrar a santa mulher que tinha sido insistentemente rejeitada. Como entrara ela, se o mosteiro estava completamente fechado e não havia sinal algum de abertura ou arrombamento? As freiras se impressionaram com o relato que Rita fez do acontecido e, diante de um milagre tão estupendo, reconheceram os desígnios de Deus e admitiram jubilosas em sua companhia aquela criatura mais angelical que humana.

A VIDA NO CONVENTO

A primeira coisa que Rita fez, ao ser admitida no convento, foi repartir entre os pobres todos os bens que possuía. Livre dos empecilhos terrenos, admirável era a sua obediência, profunda era a sua humildade, grandes eram as suas mortificações e penitências.

Para colocar à prova a obediência da noviça, a superiora do convento ordenou-lhe que regasse de manhã e à tarde um galho seco, provavelmente um ramo de videira ressequido e já destinado ao fogo. Rita não ofereceu dificuldade alguma, e de manhã e de tarde, com admirável simplicidade, cumpria essa tarefa, enquanto as irmãs a observavam com irônico sorriso.

Isso durou cerca de um ano, segundo certas biografias da santa.Um belo dia, as irmãs se assombraram: a vida reapareceu naquele galho ressequido, surgiram brotos, apareceram folhas e uma bela videira se desenvolveu maravilhosamente, dando a seu tempo deliciosas uvas. E essa videira, velha de cinco séculos, ainda hoje está viçosa no convento.


O ESPINHO NA TESTA


Em 1443, veio a Cássia para pregar a Quaresma, São Tiago de La Marca. O sermão da paixão de Nosso Senhor sensibilizou profundamente Rita, que compareceram com as outras religiosas para ouvir a pregação.
Voltando ao convento, profundamente emocionada com o que ouvira, prostrou-se diante da imagem do crucifixo que se achava em uma capela interior, e suplicou ardentemente a Jesus que lhe concedesse participar de suas dores. E eis que um espinho se destacou da coroa do crucifixo, veio a ela e entrou tão profundamente em sua testa que a fez cair desmaiada e quase agonizante.

Quando voltou a si, a ferida lá estava, atestando o doloroso prodígio.
Enquanto as chagas de São Francisco e de outros santos tinham a cor do sangue puro e não eram repugnantes, a de Rita se converteu numa ferida purulenta e fétida, de maneira que a pobre vítima, para não empestear a casa, teve de ser recolhida a uma cela distante, onde uma religiosa lhe levava o necessário para viver. Ela suportou a ferida durante 15 anos.
Em 1450 foi celebrado o jubileu em toda a Cristandade e como algumas irmãs estavam se preparando para ir a Roma, Rita manifestou um ardente desejo de as acompanhar, mas seu estado de saúde estava se agravando devido a ferida que o espinho havia deixado em sua testa.
Sendo assim as irmãs acharam que Rita não deveria ir, então ela pedindo a Deus para a ferida desaparecer foi mais uma vez atendida e conseguiu acompanhar as irmãs agostinianas a Roma, com grande proveito para sua alma. Mas logo que voltou da viagem a ferida reapareceu e também uma enfermidade incurável que lhe causava um grande sofrimento.
Incapaz de se alimentar, durante os últimos dias de sua vida Rita alimentava-se apenas da santa comunhão. Em meio as dores, que cruciavam seu corpo, ela conservava a alegria do espírito e um sorriso encantador brilhava constantemente em seu rosto.


A MORTE DE SANTA RITA


No último período de sua vida, aconteceu um fato, que era a prova do carinho que Deus dispensava a sua Serva. Durante um rigoroso inverno , pessoas de Roca Porena, descobriram na horta de Rita uma roseira coberta de lindas rosas e uma figueira com frutos maduros e saborosos. Rita, ficou feliz com esta maravilhosa notícia e sentiu-se profundamente consolada, louvava cada vez mais a Deus.
Explicam esses fatos o piedoso costume de enfeitarem a imagem da Santa, particularmente no dia de sua Festa, com rosas, figos, cachos de uvas e abelhas. A Santa Igreja mesma parece querer perpetuar o milagre das rosas, aprovando a Bênção das Rosas que se faz no dia da Festa ou no dia 22 de cada mês, para alívio dos enfermos.
A doença da Santa estava cada dia piorando e as dores tinham se tornado insuportáveis. Com orações e santas aspirações ela se preparou para receber os sacramentos e entre expressões de amor a Jesus e Maria sua alma se libertou dos vínculos que a prendiam á terra. Finalmente, com 78 anos de idade e 40 de vida religiosa, faleceu Santa Rita em Cássia, no velho Convento das Agostinianas, no dia 22 de maio de 1457, recreada com visões celestiais e depois de ter recebido com muita piedade os últimos sacramentos.
Neste momento mãos invisíveis tangeram os sinos do convento e da vila de Cássia, entoando um hino triunfal das esposas eternas, convidando a comunidade e a população para fazer um coro na glorificação da alma daquela que viveu e morreu na santidade...
A morte de Rita foi acompanhada de muitos milagres. A cela onde ela faleceu, apareceu uma luz de grande esplendor e um perfume especial se fez sentir em todo o mosteiro, e a ferida do espinho, antes de aspecto repugnante tornou-se brilhante, limpo, cor de rubi. Centenas de pessoas compareciam ao convento para ver a "Santa", cujo cadáver ficou em exposição além do tempo legal. As religiosas, cantavam hinos de agradecimento a Deus, por ter exaltado no céu e na terra sua serva.

RITA TORNA-SE SANTA


O culto à bem aventurada da vila de Cássia rapidamente se estendeu sobre a Itália e as nações de Portugal e Espanha, onde por causa dos milagres obtidos por sua intercessão o povo lhe deu o nome de " Santa das Causas Impossíveis"
Em 1628 Urbano VIII lavrou o decreto de beatificação da Santa com um especial indulto do Papa Bento XIII de 1727. Muitos contratempos fizeram com que se protelasse a canonização, que só aos 24 de Maio de 1900 se realizou sob o pontificado de Leão XIII. Contudo, já em 1577 se erguia em Cássia uma igreja à Santa das causa desesperadas e impossíveis.
E o Brasil não foi das últimas nações em cultuá-la, porque a atual matriz de Santa Rita da arquidiocese do Rio de Janeiro, data da era remota de 1724, além desta, existem no Brasil outras igrejas dedicadas a Santa Rita, que provam que ela recebe grande veneração no coração do povo Católico Brasileiro.




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