quarta-feira, 25 de maio de 2011

DA PÁSCOA DO COELHO X DA PÁSCOA DE JESUS CRISTO

É próximo o tempo da Páscoa!


Eis que aproximamo-nos do ápice da Fé cristã, a Festa das festas.


Páscoa que é sacrifício, é sofrimento, é morte. Mas também é doação por amor, é consolo, é esperança, é ressurreição e vida nova!


Lembremo-nos de Adão, o homem pelo qual o pecado entrou no mundo. Lembremo-nos também de Eva, a mulher que ajudou Adão a pecar, seguindo o que lhe havia dito a Serpente, o anjo caído, o próprio Satanás, em desobediência à Deus.


Isto trouxe grandes problemas para a humanidade, a mácula. O pecado. Esta mácula que foi como a queda em um poço do qual o homem não tem forças para sair sozinho.
O pecado é ofensa contra Deus, logo sua gravidade infinita. Deveria então o homem possuir méritos infinitos para se auto-redimir. Mas... Estaria isso ao alcance do homem?! Não, de forma alguma.
Vê-se o homem então em uma tremenda desgraça.
Contudo, no mesmo instante da condenação do gênero humano, como nos ensina o Catecismo Romano, Deus já fez nascer a esperança de resgate, pelas próprias palavras com que anunciou ao demônio sua dura derrota que lhe resultaria da libertação dos homens: "Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua raça e a sua descendência. Esmagará ela a tua cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar".
(Gen 3,15)
Eis o primeiro sinal de esperança! A mulher? Maria Santíssima!


Mais adiante, ainda no Antigo Testamento, deparamo-nos com as profecias sobre a vinda do Salvador. Entre as quais destacam-se as do profeta Isaías.

Mas é somente no Novo Testamento, que começa com os quatro Evangelhos, que podemos observar o plano divino para a nossa salvação sendo posto em prática.
É a encarnação do Verbum Domini, Deus que assume a natureza humana sem deixar de ser Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, concebido pelo poder do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, que veio para tirar o pecado do mundo.
Assim como canta-se no canto Agnus Dei: "Agnus Dei qui tollis peccata mundi, miserere nobis! Miserere nobis!"


Devemos pois, agora, a partir do nosso contexto da Nova Aliança, selada com Sangue, e Sangue de Deus, olhar para o Gênesis, olhar para a origem do pecado, e assim poderemos compreender que...
... assim como por um homem, Adão, o pecado entrou no mundo, também por um homem, Jesus, o mundo é remido.
... assim como Eva seguiu a orientação da Serpente, desobedecendo à Deus, Nossa Senhora segue a orientação do anjo, e aceita que nela seja feita a vontade de Deus.
... assim como, após a queda, o fruto da Árvore da Vida eterna nos foi privado, não podíamos mais comer dele, agora porém possuímos o fruto do Madeiro Santo, o Pão descido do Céu, o Corpo do próprio Cristo, Deus e homem, que se deu em sacrifício perfeito para a nossa salvação.


Mas... Sendo a Páscoa esta festa singular e central na Fé cristão, onde fica o Natal? O Natal não é importante?! Claro! Sem dúvida! Porém, o Natal deu-se em função da Páscoa.
O Cordeiro de Deus não foi imolado porque nasceu, mas nasceu porque seria imolado.


Portanto, Páscoa é, sem dúvida, o ápice da Fé cristã!


Não é por nada que passamos pela Quaresma, tempo de purificação de 40 dias - assim como o povo hebreu passou 40 anos no deserto, ou mesmo Cristo que passou 40 dias em jejum no deserto- até chegarmos na festa magistral, o coração da liturgia.

E chegando ao termo da Quaresma, adentramos na Sexta-Feira santa, que nos conduz ao Tempo da Páscoa,

Na Quinta-Feira Santa, a instituição da Eucaristia, a Santa Ceia, a refeição que dá a vida plena.
(Mat 26,26-28)
Assim pois se reza: "Graças e louvores se dêem à cada momento, ao santíssimo e diviníssimo Sacramento!"
A Eucaristia que é um dos pilares da Vida Cristã!
Acaso poderia um soldado ir para uma batalha sem alimentar-se corretamente?! Ora, certamente padeceria na batalha por fraqueza. Pois o mesmo ocorre com o cristão que tenta enfrentar a batalha sem o Alimento Eucarístico... morre. E não morre do corpo, mas morre da alma!

Na Sexta-Feira, o sacrifício de amor, a doação pelo amor ágape de Deus pela humanidade. O Cordeiro foi flagelado, foi injuriado, recebeu uma coroa de espinhos e uma placa no alto de sua cruz que, para o escárnio dos judeus - que o haviam rejeitado - dizia: Iesuv Nazerenvs Rex Jvdeor, a placa com a mensagem redigida em Hebraico, Latim e Grego, como nos relata São João evangelista .
O derramamento de Sangue e Água do corpo do Cristo, Deus Filho, de onde nasceu a Santa Igreja, os Sacramentos e por meio de onde somos lavados do pecado.
(Mat 27,33-56; Mc 15,22-39; Lc 23,33-49; Jo 19,17-30)


No Sábado, a vigília pascal.
Sábado onde existe o belíssimo costume de tomar o fogo do Círio pascal na vela e passar o fogo para a vela do irmão, assim simbolizando a nossa missão de cristão, de passar a Lumen Christi para o próximo, de transmitir a verdade salvadora, de anunciar o Regnum Christi, e assim ser sal da terra e luz do mundo.
(Mat 5, 13-16)

No Domingo, ressureição!
Eis a confirmação da profecia, a esperança que se confirma. Ao terceiro dia o Cristo ressuscita dentre os mortos. O sepulcro está vazio, o Cristo venceu a morte! Alegrai-vos, óh cristãos!
(Mt 28,1-10; Mc 16,1-8; Lc 24,1-12; Jo 20,1-18)

A Páscoa engloba, como podemos ver, uma quantidade imensa de verdades da Fé. Possui uma sacralidade incomensurável.
E mesmo assim poderemos ver neste glorioso tempo pessoas que simplesmente consideram a Páscoa como mais um "feriadão", um tempo bom para ficar em casa, ou ir para a praia, ir visitar os parentes que morram no interior, ou o contrário, ir visitar os que moram na capital. E isto não é raro, muito pelo contrário, é costume de grande parte das pessoas.
Mas o curioso é ver que a maioria destes ainda seguem o preceito de não consumir carne vermelha na Sexta-Feira santa - Geralmente esquecem-se da metade da Quinta-Feira, que também é preceito. Porém seguem-no farisaicamente.
O preceito tem como objetivo a penitência, a abstinência de um prazer.
Acaso adianta não comer carne vermelha e realizar um banquete de Salmão, Bacalhau, etc...?!
Acaso adianta não comer carne vermelha e depois ir tomar uma cerveja bem gelada na beira da praia?! Talvez acompanhada com aqueles bolinhos de bacalhau, aqueles que a sogra fez para o almoço e sobraram meia-dúzia.
Acaso adianta não comer carne vermelha e depois se empanturrar de chocolate?!
Adianta algo?! Certamente não!


E falando no chocolate, como não falar do Coelinho da Páscoa?! Ah sim, o bom e velho Coelinho, aquele dentuço que rói a cenourinha que deixamos na cestinha e deixa suas pegadinhas no chão da casa.
Bom, este deve estar de conchavo com o Papai Noel para destruir com as festas Cristãs. Afinal, o Natal é uma celebração cristã que foi introduzida em cima de uma celebração pagã para extinguir o seu culto, mas que o Papai Noel tenta a todo custo paganizar.
Para isto, vai se deixando de lado o Menino Jesus e colocando no seu lugar o próprio homem. Homem que cria o Papai Noel, que prova o sabor apetitoso do consumismo, vai se transformando o Natal em uma simples confraternização de família e revestindo-o de sentimentalismo. Apaga-se o verdadeiro e único sentido desta data.
Já o Coelinho, apesar de atuar deste mesmo modo, é mais astuto. O seu objeto é o chocolate, e com ele pode mover as pessoas pela gula e também pelo consumismo. Afinal, raras pessoas não gostam de um bom chocolate, não é mesmo?! E quem não se encanta com os lindos, coloridos, decorados e saborosos ovos e cestas de chocolate existentes no mercado?!
Apesar disso, Páscoa não é chocolate, Páscoa não é Coelinho, Páscoa não é ovo de chocolate com brinquedo dentro - nem mesmo se for Kinder-, ou mesmo outros presentes que as crianças negociam com os pais.


A mesma mídia que promove o velinho barrigudo que presenteia todos, anda de trenó, grita Ho!Ho!Ho!, e desce pelas chaminés, também promove o animalzinho dentuço e peludinho que distribui ovos de chocolate para as crianças.
A Páscoa já não parece ser mais a entrega do Codeiro de Deus, mas uma data paganizada, onde o objetivo é comer o tal do peixe que a vovó diz que devemos comer, e que a mamãe e o papai compram como de costume para não 'cometer pecado', apesar de nem saberem o motivo real, sabem apenas que tem a ver com o Jesus lá - talvez porque ele morreu neste dia, então comer carne vermelha deve ser desrespeitoso. Mas importa é que após comerem o tal do peixe... Vamos para os chocolates! Ah sim, os chocolates!
A segunda-feira é dia de chegar na aula e mostrar para os amiguinhos os brinquedinhos que vieram dentro dos ovinhos, bonitinhos, embaladinhos e na hora da merenda comer aquele ovo meio derretidinho ou bombons que a criança levou na lancheira.
E aí foi-se a Páscoa...


Portanto, pais, tirem o Coelinho da casa de vocês! Sumam com ele!


Páscoa é Cristo, é sacrifício, é penitência, é vida nova!


Coloquem seus filhos na catequese de 1ª Eucaristia, coloquem-nos na catequese de Crisma! (Se tiverem idade, é claro).
Orientem seus filhos sobre o real e verdadeiro sentido da Páscoa!


E não somente seus filhos. Mas orientem-se!
E vocês, jovens, orientem-se também! Pois não duvido que muitos dos 'católicos' dos grupinhos animados de jovens troquem guloseimas de Páscoa entre si.


Por fim meus irmãos, neste artigo que acabou ficando bastante amplo, ainda quero desejar-lhes uma excelente Páscoa!
Que possamos, todos nós, ressucitarmos com Cristo Jesus nesta data tão especial, que marca um sacrifício por amor, e não é qualquer amor, mas amor divino, amor infindável por nós!
Mas também não lembremos somente de querer ressucitar com o Cristo, pois para isto, primeiramente é preciso sofrer, pois a Igreja desperta ira no mundo, e o próprio Cristo sofreu por nós, foi flagelado e teve suas vestes divididas entre os soldados.
É preciso que aceitemos a nossa cruz, assim como Ele aceitou!

Cruz esta, que não é leve, que não é indolor, que é loucura para aqueles que consideram a Páscoa um feriadão, mas que é essencial para seguir à Cristo Jesus!




"A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina." (I Cor 1,18)



É preciso, por fim, morrer, morrer para o mundo! Deixar de viver para o homem, e viver para Deus!
E também, se for necessário, ir até o martírio. Assim como a rosa que se abre e exala o seu perfume, ao mesmo tempo que é queimada pelo Sol. Por fim, ela morre... Mas não queria morrer, porque não era suicida, mas queria cumprir sua missão. A morte foi consequência. Eis que belíssimo exemplo dá-nos a simples rosácea.
Como podemos ver, tratamos de dois tipos de morte. Morte corporal e morte da alma.
E se for preciso, morramos da primeira para que venhamos a morrer da segunda!

Reconheçamos isto! Pois a salvação nascida do sacrifício perfeito está disponível para TODOS, porém o Sangue do Cristo foi somente derramado por MUITOS, pois nem TODOS o aceitarão.
Façamos então parte dos MUITOS!


Um santa e abençoada Páscoa!


Dominus nobiscum!

Autor: Marcelo Maciel
Fonte: http://www.digitusdei.com.br/2011/04/que-venha-pascoa-do-coelinho-nao-do.html

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