sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

FELIZ 2012

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FELIZ ANO NOVO


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL

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FELIZ NATAL

sábado, 10 de dezembro de 2011

Nossa Senhora Aparecida - Histórico

Uma rosa de ouro para a Virgem

Em 1967, ano da comemoração do jubileu dos 250 anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o Papa Paulo VI ofertou ao Santuário Nacional da Padroeira do Brasil uma Rosa de Ouro. A entrega desta importante honraria aconteceu na manhã do dia 15 de agosto daquele mesmo ano, com a presença de diversas autoridades civis e religiosas, entre elas o presidente Artur da Costa e Silva.

Atualmente, a Rosa de Ouro encontra-se exposta na Exposição Rainha do Céu, Mãe dos Homens: Aparecida do Brasil no Museu Nossa Senhora Aparecida, no 1º andar da Torre Brasília.

O que é uma Rosa de Ouro?

Os sumos pontífices costumavam oferecer como presente uma Rosa de Ouro, em sinal de particular estima e para distinguir eminentes personalidades que prestavam relevantes serviços à Igreja, ou para honrar cidades, ou ainda para realçar Santuários insignes, como centro de grande devoção. Essa Rosa era artisticamente elaborada segundo o estilo da época.

Descrição histórica da Imagem de Nossa Senhora Aparecida

A Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi encontrada no rio Paraíba na segunda quinzena de outubro de 1717, é de terracota, isto é, argila que, depois de modelada, é cozida em forno apropriado, medindo 40 centímetros de altura.

Hipoteticamente, ela teria, originalmente, uma policromia, como era costume na época, mas não há documentos que comprovem. Quando foi pescada, o corpo estava separado da cabeça e, muito provavelmente, sem a policromia original, devido aos anos em que esteve mergulhada nas águas e no lodo do rio.

A cor acanelada com que, hoje, é conhecida ,deve-se ao fato de ter sido exposta, durante anos, ao picumã das chamas das velas e dos candeeiros. Seu estilo é seiscentista, como atestam alguns especialistas que a estudaram.

Entre os que confirmam ser a Imagem do Século XVII estão o Dr. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto, os monges beneditinos do mosteiro de São Salvador, na Bahia, Dom Clemente da Silva Nigra e Dom Paulo Lachenmayer.

Finalmente, em 1978, após o atentado que a reduzira em quase duzentos fragmentos, foi encaminhada ao Prof. Pietro Maria Bardi – na época diretor do Museu de Arte de São Paulo – que a examinou, juntamente com o Dr. João Marinho, colecionador de imagens brasileiras.


Foi totalmente reconstituída pela artista plástica Maria Helena Chartuni, na época, restauradora do Museu de Arte de São Paulo. Ainda conforme estudos dos peritos mencionados, a Imagem foi moldada com argila paulista, da região de Santana do Parnaíba, situada na Grande São Paulo.

O mais difícil foi determinar o autor da pequena imagem, pois não está assinada ou datada. Assim, após um estudo comparativo, os peritos chegaram à conclusão de que se tratava de um escultor, discípulo do monge beneditino Frei Agostinho da Piedade, e também seu colega de Ordem, Frei Agostinho de Jesus.

Caracterizam seu estilo: forma sorridente dos lábios, queixo encastoado, tendo, no centro, uma covinha; penteado, flores em relevo, nos cabelos, broche de três pérolas na testa e porte empinado para trás.

Todos estes detalhes se encontram na Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, e, por isso, concluíram os peritos, Dom Clemenente da Silva Nigra e Dom Paulo Lachenmayer, que a Imagem foi esculpida pelo monge beneditino Frei Agostinho de Jesus.

Coroa e Manto

A partir de 8 de setembro de 1904, quando foi coroada, a imagem passou a usar, oficialmente, a coroa ofertada pela Princesa Isabel, em 1884, bem como o manto azul-marinho.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida

A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, D.Pedro de Almeida e Portugal , Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto - MG.

Convocado pela Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram a procura de peixes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram. Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu.

João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a cabeça da mesma imagem. Daí em diante os peixes chegaram em abundância para os três humildes pescadores.

Durante 15 anos seguidos, a imagem ficou com a família de Felipe Pedroso, que a levou para casa, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para rezar. A devoção foi crescendo no meio do povo e muitas graças foram alcançadas por aqueles que rezavam diante a imagem.

A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. A família construiu um oratório, que logo tornou-se pequeno. Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava, e, em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha).

No ano de 1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.

A 8 de setembro de 1904, a Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi coroada, solenemente, por D. José Camargo Barros. No dia 29 de Abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor.

Vinte anos depois, a 17 de dezembro de 1928, a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município. E, em 1929, nossa Senhora foi proclamada RAINHA DO BRASIL E SUA PADROEIRA OFICIAL, por determinação do Papa Pio XI.

Com o passar do tempo, a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi crescendo e o número de romeiros foi aumentando cada vez mais. A primeira Basílica tornou-se pequena.

Era necessário a construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. Por iniciativa dos missionários Redentoristas e dos Senhores Bispos, teve início em 11 de Novembro de 1955 a construção de uma outra igreja, atual Basílica Nova.

Em 1980, ainda em construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida:Santuário Nacional; "maior Santuário Mariano do mundo".

O Padre Francisco da Silveira, que escreveu a crônica de uma Missão realizada em Aparecida em 1748, qualificou a imagem da Virgem Aparecida como “famosa pelos muitos milagres realizados”. E acrescentava que numerosos eram os peregrinos que vinham de longas distâncias para agradecer os favores recebidos. Mencionamos aqui três grandes prodígios ocorridos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida.

O primeiro prodígio, sem dúvida alguma, foi a pesca abundante que se seguiu ao encontro da imagem. Não há outras referências sobre o fato a não ser aquela da narrativa do achado da imagem: “E, continuando a pescaria, não tendo até então pego peixe algum, dali por diante foi tão abundante a pesca, que receosos de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, os pescadores se retiraram as suas casas, admirados com o que ocorrera.”

Entretanto, o mais simbólico e rico de significativo, sem dúvida, foi o milagre das velas pela sua íntima relação com a fé. Aconteceu no primitivo oratório do Itaguaçu, quando o povo se encontrava em oração diante da imagem.

Numa noite, durante a reza do terço, as velas apagaram-se repentinamente e sem motivo, pois não ventava na ocasião. Houve espanto entre os devotos e, quando Silvana da Rocha procurou acendê-las novamente, elas se acenderam por si, prodigiosamente.

Significativo também é o prodígio das correntes que se soltaram das mãos de um escravo, quando este implorava a proteção da Senhora Aparecida. Existem muitas versões orais sobre o fato. Algumas são ricas em pormenores. O primeiro a mencioná-lo por escrito foi o Padre Claro Francisco de Vasconcelos, em 1828.

A pesca milagrosa

A Câmara Administrativa de Guaratinguetá decidiu e pronto. A época não era favorável à pescaria mas os pescadores que se virassem. O Conde tinha que provar do peixe do rio Paraíba.

E a convocação foi lida em toda a redondeza. João Alves, Domingos Garcia e Felipe Pedroso, moradores de Itaguaçu, pegaram seus barcos, suas redes e se lançaram na difícil tarefa. Remaram a noite toda sem nada pescar.

No Porto de Itaguaçu, lançaram mais uma vez as redes. João Alves sentiu que a sua rede pesava. Serão peixes? Puxou-a. Não. Não eram peixes. Era o corpo de uma imagem. Mas ... e a cabeça, onde estava? Guardou o achado no fundo do barco. Continuaram tentando achar peixes.

De repente, na rede do mesmo pescador, uma cabeça enegrecida de imagem. João Alves pegou o corpo do fundo do barco e aproximou-o da cabeça. Justinhos. Aquilo só podia ser milagre. Benzeram-se e enrolaram os pedaços num pano. Continuaram a pescaria. Agora os peixes sabiam direitinho o endereço de suas redes. E foram tantos que temeram pela fragilidade dos barcos...

O milagre das velas

Depois que chegaram da pescaria onde encontraram a Senhora, Felipe Pedroso levou a imagem para sua casa conservando-a durante 5 anos.

Quando de sua mudança para o bairro da Ponte Alta deu a imagem a seu filho Athanásio Pedroso que morava no Porto de Itaguaçu bem perto de onde seu pai Felipe Pedroso, João Alves e Domingos Garcia haviam encontrado a imagem.

Athanásio fez um altar de madeira e colocou a Imagem Milagrosa da Senhora Aparecida. Aos sábados seus vizinhos se reuniam para rezar um terço em sua devoção. Em certa ocasião, ao rezar o terço, 2 velas se apagaram no altar de Nossa Senhora, o que era muito estranho, pois aquela noite estava muito calma e não havia motivo para o acontecimento.

Silvana da Rocha, que no dia acompanhava o terço, quiz acender as velas, porém, as mesmas se acenderam sem que ninguém as tocasse, como um perfeito milagre. Desta data em diante a Imagem Milagrosa de Nossa Senhora Aparecida deixou de pertencer à família de Felipe Pedroso para ficar pertencendo a todos nós, devotos da Santa Milagrosa.

Romeiros de Nossa Senhora Aparecida

Dos milhões de romeiros que visitam o Santuário Nacional de Aparecida, muitos são portadores de angústia, outros tantos, da esperança. Esperança de cura, de emprego, de melhores dias, de paz.

Eles chegam de ônibus, de carro, de trem (em tempo passado), de moto, de bicicleta, a cavalo e a pé. São pobres e ricos; são cultos e ignorantes; são homens públicos e cidadãos comuns. Aqui estiveram o Papa, príncipes, princesas, presidentes, poetas, padres, bispos, prioras, patrões e empregados. Vieram os pescadores.

Muitos cumprem um ritual que começou com seus avós e persiste até hoje. Outros vêm pela primeira vez. Ficam perplexos diante do tamanho do Santuário e de sua beleza. A Imagem os extasia.

A fé traz o romeiro a Aparecida leva-o a comportamentos de pincéis famosos, câmaras e versos imortais. Olhos que buscam, vasculham ou se fecham para ler as mensagens secretas que trazem na alma. Lábios que balbuciam ave-marias, atropeladas pela pressa das muitas intenções.

Mãos que seguram as contas do rosário, a vela, o retrato, as flores, o chapéu. Joelho que se dobram e se arrastam, em atitude de total despojamento. Pés cansados pela procura de suas certezas. Coração nas mãos em forma de oferenda. Na alma, profundo senso do sagrado.

O chão que pisam, a porta que transpõem, as pessoas que aqui residem, tudo tem para eles significado transcendente. Este é o romeiro de Nossa Senhora Aparecida. Alma pura, simples, do devoto que acredita, que se entrega à proteção dos céus, sem dúvidas ou restrições.

Consagração 50 Anos

Ela teve início dia 31 de maio de 1955, uma terça-feira.

Começou assim:
O Padre Laurindo Häuber, redentorista que trabalhava na Rádio Aparecida, teve uma idéia: Comprou um livro, que chamou de Livro de Ouro, e disse na Rádio que quem quisesse consagrar-se a Nossa Senhora Aparecida, era só escrever para a Rádio que ele anunciava o nome, às 15 horas, e lia a oração da Consagração. Ele ia fazer isso na 3ª, na 5ª e no sábado.

E Padre Laurindo começou então esse programa. Como que ele fazia:
Lia os nomes, dava uma pequena mensagem, lia a oração da Consagração que estava no Manual do Devoto, um livrinho de orações editado pela Editora Santuário em 1904, e em seguida dava a bênção.

Meses depois, o número de nomes enviados aumentou tanto que ele parou de lê-los, deixando de lado o Livro de Ouro. Dali para frente, todos os ouvintes da Consagração passaram a ser consagrados a Nossa Senhora. E assim a Consagração a Nossa Senhora Aparecida adquiriu a mesma forma de celebração e o mesmo feitio que tem hoje.

Inclusive a música de abertura, Roga por nós ó Mãe tão Pia, foi escolhida pelo Padre Laurindo. Um ano depois, em 1956, o Padre Laurindo foi transferido para São Paulo, a fim de trabalhar na Rádio Nove de Julho. Os padres Vítor Coelho de Almeida e Rubem Leme Galvão continuaram fazendo a Consagração. Agora, a semana toda: O Padre Vítor Coelho fazia na 3ª, na 5ª e no sábado, e o Padre Galvão fazia na 2ª, na 4ª e na 6ª feira.

No ano seguinte, o Padre Vítor Coelho assumiu sozinho a Consagração e passou a fazê-la não mais no estúdio da Rádio, mas no Altar Mor da Basílica. Ela deixou então de ser um simples programa de rádio e se tornou uma celebração paralitúrgica no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, como a Hora Mariana, a Novena Perpétua etc.

Padre Vítor a fez durante 31 anos, até a véspera de sua morte, que aconteceu dia 21 de julho de 1987. Em 1988, o Padre César Moreira, então Diretor da Rádio Aparecida, determinou que a Consagração fosse feita também aos Domingos. Após o falecimento do Padre Vítor Coelho, o Padre Alberto Pasquoto assumiu a Consagração, e a fez até o início de 1989.

Em 1989, o Padre Agostinho Frasson a assumiu e fez até 1991. Nos anos 1992 e 1993, quem dirigiu a Consagração foi o Padre Afonso Paschote. Em 1994, o Padre Frasson a assumiu novamente e a fez até 1996. O Padre Antônio Queiroz a assumiu dia 11/01/97, um sábado, sendo que nos seus dias de folga quem fazia era o Padre Silvério Negri. Após o falecimento do Padre Negri, ocorrido dia 28/08/03, nos dias de folga do Padre Queiroz a Consagração entra na escala normal dos trabalhos pastorais da Basílica.

Esta é, resumidamente, a história da Consagração, que dia 31 deste mês completará 50 anos de existência. Em todos esses anos, repito, o modo de fazer a Consagração não mudou, continuando aquele iniciado pelo Padre Laurindo. Desde o início, várias emissoras de rádio começaram a entrar em cadeia com a Rádio Aparecida, às 15 horas, para transmitir a Consagração.

Assim, a Consagração a Nossa Senhora Aparecida abriu caminho para que se formassem redes de Rádio para transmissão de programas religiosos. A UNDA BRASIL (Unda é uma palavra latina que significa onda. É um organismo internacional da Igreja, ligado à comunicação pelo Rádio) promoveu a união dessas redes e criou a Rede Católica de Rádio, que hoje é como uma grande constelação, iluminando todo o céu do Brasil.

Agora, celebrando o cinqüentenário da Consagração, nós queremos agradecer a Deus. Não queremos ser como aqueles nove leprosos curados, que não agradeceram a Deus a sua cura. É interessante que Jesus disse para aquele que voltou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (Lc 17,17-19).

Jesus fala de dar glória a Deus Pai. De fato, Deus Pai é a origem de tudo. Tudo nos vem dele, pelo Filho, no Espírito Santo. Na Consagração a Maria, ela é a intercessora. Por isso agradecemos a ela também. Então, neste Jubileu nós agradecemos a Deus todas as graças que ele concedeu ao povo brasileiro, e a nós, nesses 50 anos.

Concedeu e esperamos que continue concedendo, porque, como diz aquela oração que vem da Igreja Primitiva, jamais se ouviu dizer que algum daqueles que tem recorrido à proteção de Maria e implorado o seu auxílio, fosse por ela desamparado. Nós cristãos fomos consagrados definitivamente a Deus no dia do nosso batismo.

A Consagração a Nossa Senhora, que fazemos todos os dias, é uma entrega de nós mesmos a ela, como um filho ou filha que se joga nos braços da Mãe, para que ela cuide de nós, fazendo-nos felizes e bons discípulos de Jesus.

Pe. Antonio Queiroz dos Santos, C.Ss.R.
Fonte: http://www.santuarionacional.com

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Vida de São João Bosco (Dom Bosco)

João Bosco nasceu no Colle dos Becchi, no Piemonte, Itália, uma localidade junto de Castelnuovo de Asti (agora chama-se Castelnuovo Dom Bosco) a 16 de agosto de 1815. Era filho de humilde família de camponeses. Órfão de pai aos dois anos, viveu sua mocidade e fez os primeiros estudos no meio de inumeráveis trabalhos e dificuldades. Desde os mais tenros anos sentiu-se impelido para o apostolado entre os companheiros. Sua mãe, que era analfabeta, mas rica de sabedoria cristã, com a palavra e com o exemplo animava-o no seu desejo de crescer virtuoso aos olhos de Deus e dos homens.
Mesmo diante de todas as dificuldades, João Bosco nunca desistiu. Durante um tempo foi obrigado a mendigar para manter os estudos. Prestou toda a espécie de serviços. Foi costureiro, sapateiro, ferreiro, carpinteiro e, ainda nos tempos livres, estudava música.
Queria vivamente ser sacerdote. Dizia: "Quando crescer quero ser sacerdote para tomar conta dos meninos. Os meninos são bons; se há meninos maus é porque não há quem cuide deles". A Divina Providência atendeu os seus anseios. Em 1835 entrou para o seminário de Chieri.
Ordenado Sacerdote a 5 de junho de 1841, principiou logo a dar provas do seu zelo apostólico, sob a direção de São José Cafasso, seu confessor. No dia 8 de dezembro desse mesmo ano, iniciou o seu apostolado juvenil em Turim, catequizando um humilde rapaz de nome Bartolomeu Garelli. Começava assim a obra dos Oratórios Festivos, destinada, em tempos difíceis, a preservar da ignorância religiosa e da corrupção, especialmente os filhos do povo.
Em 1846 estabeleceu-se definitivamente em Valdocco, bairro de Turim, onde fundou o Oratório de São Francisco de Sales. Ao Oratório juntou uma escola profissional, depois um ginásio, um internato etc. Em 1855 deu o nome de Salesianos aos seus colaboradores. Em 1859 fundou com os seus jovens salesianos a Sociedade ou Congregação Salesiana.
Com a ajuda de Santa Maria Domingas Mazzarello, fundou em 1872 o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora para a educação da juventude feminina. Em 1875 enviou a primeira turma de seus missionários para a América do Sul.
Foi ele quem mandou os salesianos para fundar o Colégio Santa Rosa em Niterói, primeira casa salesiana do Brasil, e o Liceu Coração de Jesus em São Paulo. Criou ainda a Associação dos Cooperadores Salesianos. Prodígio da Providência divina, a Obra de Dom Bosco é toda ela um poema de fé e caridade. Consumido pelo trabalho, fechou o ciclo de sua vida terrena aos 72 anos de idade, a 31 de janeiro de 1888, deixando a Congregação Religiosa Salesiana espalhada por diversos países da Europa e da América.
Se em vida foi honrado e admirado, muito mais o foi depois da morte. O seu nome de taumaturgo, de renovador do Sistema Preventivo na educação da juventude, de defensor intrépido da Igreja Católica e de apóstolo da Virgem Auxiliadora se espalhou pelo mundo inteiro e ganhou o coração dos povos. Pio XI, que o conheceu e gozou da sua amizade, canonizou-o na Páscoa de 1934.
Apesar dos anos que separam os dias de hoje do tempo em que viveu Dom Bosco, seu amor pelos jovens, sua dedicação e sua herança pedagógica vêm sendo transmitidos por homens e mulheres no mundo inteiro.
Hoje Dom Bosco se destaca na história como o grande santo Mestre e Pai da Juventude.
Embora tenha feito repercutir pelo mundo o seu carisma e o sistema preventivo de salesiano, que é baseado na Razão, na Religião e na Bondade, Dom Bosco permaneceu durante toda a sua vida em Turim, na Itália. Dedicou-se como ninguém pelo bem-estar de muitos jovens, na maioria órfãos, que vinham do campo para a cidade em busca de emprego e acabavam sendo explorados por empregadores interessados em mão-de-obra barata ou na rua passando fome e convivendo com o crime.
Com atitudes audaciosas, pontuadas por diversas inovações, Dom Bosco revolucionou no seu tempo o modelo de ser padre, sempre contando com o apoio e a proteção de Nossa Senhora Auxiliadora. Aliás, o sacerdote sempre considerou como essencial na educação dos jovens a devoção à Maria.
Dom Bosco ficou muito famoso pelas frases que usava com os meninos do oratório e com os padres e irmãs que o ajudavam. Embora tenham sido criadas no século passado, essas frases, ainda hoje, são atuais e ricas de sabedoria. Elas demonstram o imenso carinho que Dom Bosco tinha pelos jovens.
Entre alguns exemplos, "Basta que sejam jovens para que eu vos ame.", "Prometi a Deus que até meu último suspiro seria para os jovens.", "O que somos é presente de Deus; no que nos transformamos é o nosso presente a Ele", "Ganhai o coração dos jovens por meio do amor", "A música dos jovens se escuta com o coração, não com os ouvidos."
O método de apostolado de Dom Bosco era o de partilhar em tudo a vida dos jovens; para isto no concreto abriu escolas de alfabetização, artesanato, casas de hospedagem, campos de diversão para os jovens com catequese e orientação profissional; foi por isso a Igreja reza: "Deus suscitou São João Bosco para dar à juventude um mestre e um pai".
De estatura atlética, memória incomum, inclinado à música e a arte, Dom Bosco tinha uma linguagem fácil, espírito de liderança e ótimo escritor. Este grande apóstolo da juventude foi elevado para o céu em 31 de janeiro de 1888 na cidade de Turim; a causa foi o outros, já que afirmava ter sido colocado neste mundo para os outros.

A vida de São Francisco de Assis


Nascimento e vida familiar de um cavaleiro


Francisco nasceu em Assis, cidade de Úmbria, no ano 1182.
Seu pai, Pedro Bernardone, era comerciante. O nome de sua mãe era Pia e alguns autores afirmam que pertencia a uma nobre família da Provença. Tanto o pai como a mãe de Francisco eram pessoas ricas. Pedro Bernardone comerciava especialmente na França. Como muitos falavam nisso quando nasceu seu filho, as pessoas lhe apelidara "Francesco" (em francês), por mais que no batismo recebeu o nome de João. Em sua juventude, Francisco era muito dado as românticas tradições cavalerescas que propagavam os trovadores. Dispunha de dinheiro em abundância e o gastava prodigamente, com ostentação.
Nem os negócios de seu pai, nem os estudos lhe interessavam muito, mas sim o divertir-se em coisas vãs que comumente se chama "gozar da vida". Sem dúvida, não era de costumes licenciosos e costumava ser muito generoso com os pobres que lhe pediam por amor de Deus.


Acha de um tesouro


Quando Francisco tinha uns vinte anos, iniciou a discórdia entre as cidades de Perugia e Assis e na guerra, o jovem caiu prisioneiro. A prisão durou um ano, e Francisco a suportou alegremente. Sem dúvida, quando refez a liberdade, caiu gravemente enfermo. A enfermidade, na que o jovem provou uma vez mais seu paciência, fortaleceu e madurou seu espírito. Quando se sentiu com forças suficientes, determinou ir a combater no exército de Galterio e Briena no sul de Itália. Com esse fim, se comprou uma custosa armadura e um lindo manto. Mas um dia em que passeava ataviado com seu novo traje, se topou com um cavaleiro mal vestido que havia caído na pobreza; movido à compaixão ante aquele infortúnio, Francisco mudou seus ricas roupas pelos de cavaleiro pobre. Essa noite viu em sonhos um esplendido palácio com salas cheias de armas, sobre as qual é se tinha gravado o sinal da cruz e lhe pareceu ouvir uma voz que lhe dizia que essas armas lhe pertenciam e a seus soldados.

Francisco partiu a Apulia com a alma ligeira e a seguridade de triunfar, mas nunca chegou ao frente de batalha. Em Espoleto, cidade de caminho de Assis a Roma, caiu novamente enfermo e, durante a enfermidade, ouviu uma voz celestial que lhe exortavam a "servir ao amo e no ao servo". O jovem obedeceu. Ao principio voltou a sua antiga vida, ainda que a tomando menos a ligeira. As pessoas, ao vê-lo silencioso, lhe diziam que estava enamorado. "Sim", replicava Francisco, "vou casar-me com uma jovem mais bela e mais formosa que todas as que conheceis". Pouco a pouco, com a muita oração, foi concebido o desejo de vender todos seus bem é e comprar a pérola preciosa de que fala o Evangelho. Ainda ignorava o que tinha que fazer para elo, uma serie de claras inspirações sobrenaturais lhe fez compreender que a batalha espiritual começa pela mortificação e a vitória sobre os instintos. Passando em certa ocasião a cavalo pela vila de Assis, encontrou a um leproso. As chagas de mendigo aterrorizaram a Francisco; mas, em vez de fugir, se acercou ao leproso, que lhe estendia a mão para receber uma esmola. Francisco compreendeu que havia chegado o momento de dar o passo ao amor radical de Deus. A pesar de seu repulsa natural ao leproso, venceu seu vontade, se lhe acercou e lhe deu um beijo. Aquilo mudou sua vida. Foi um gesto movido pelo espírito Santo, pedindo a Francisco uma qualidade de entrega, um "sim" que distingue aos santos dos medíocres. "Francisco, repara minha Igreja, pois e a vês que está em ruínas" ·

A partir de então, começou a visitar e servir aos enfermos nos hospitais. Algumas vezes presenteava aos pobres seus vestidos, outras, o dinheiro que levava.  Em certa ocasião, enquanto orava na Igreja de São Damião nas aforas de Assis, lhe pareceu que o crucifixo (hoje chamado crucifixo de São Damião) lhe repetia três vezes: "Francisco, repara minha casa, pois olhas que está em ruínas". O santo, vendo que a Igreja se achava em muito mal estado, crendo que o Senhor queria que a reparasse; assim, pois, partiu imediatamente, tomou uma boa quantidade de vestidos da tenda de seu pai e os vendeu junto com seu cavalo. Em seguida levou o dinheiro ao pobre sacerdote que se encarregava da Igreja de São Damião, e lhe pediu permissão de estar e viver com ele. O bom sacerdote consentiu em que Francisco ficasse com ele, mas se negou a aceitar o dinheiro.
O jovem o depositou na janela. Pedro Bernardone, ao inteirar-se do que havia feito seu filho, se dirige indignado a São Damião.
Mas Francisco havia tido cuidado de ocultar-se.


Renúncia a herança de seu pai


Ao cabo de alguns dias passados em oração e jejum, Francisco voltou a entrar na povoado, mas estava tão desfigurado e mal vestido, que as pessoas riam dele como se fosse um louco. Pedro Bernardone, muito desconcertado pela conduta de seu filho, lhe conduziu a sua casa, lhe golpeou furiosamente (Francisco tinha então vinte e cinco anos), lhe pôs correntes nos pés e lhe encerrou em uma casa. A mãe de Francisco se encarregou de pô-lo em liberdade quando seu marido se achava ausente e o jovem retornou a São Damião. Seu pai foi de novo a busca-lo ali, lhe golpeou na cabeça e lhe mandou voltar imediatamente a sua casa ou a renunciar a sua herança e pagar o preço das roupas que lhe havia tomado. Francisco no teve dificuldade alguma em renunciar a herança, mas disse a seu pai que o dinheiro das roupas pertencia a Deus e aos pobres. Seu pai lhe obrigou a comparecer ante o Bispo Guido de Assis, quem exortou ao jovem a devolver o dinheiro e a ter confiança em Deus: "Deus não deseja que sua Igreja aproveite de bens que são injustamente adquiridos".

Francisco obedeceu à ordem do Bispo e acrescentou: "As roupas que levo pertencem também a meu pai, tenho que devolve-los". Em seguida se desnudou e entregou suas roupas a seu pai, dizendo-lhe alegremente: "até agora tu tem sido meu pai na terra, mas em adiante poderei dizer: Pai nosso, que estás nos céus."' Pedro Bernardone abandonou o palácio episcopal "tremendo de indignação e profundamente aborrecido". O Bispo regalou a Francisco um velho vestido de lavrador, que pertencia a um de seus servos. Francisco recebeu a primeira esmola de sua vida com grande agradecimento, traçou a sinal da cruz sobre a roupa e se o foi.


Chamado a renuncia e a negação

Em seguida, partiu em busca de um lugar conveniente para ficar. Ia cantando alegremente as glórias divinas pelo caminho, quando topou com uns bandoleiros que lhe perguntaram quem era. O respondeu: "Sou o arauto de um grande Rei". Os bandoleiros lhe golpearam e lhe atiraram em um fosso coberto de neve. Francisco prosseguiu seu caminho cantando as divinas glórias. Em um monastério obteve esmola e trabalho como se fosse um mendigo. Quando chegou a Gubbio, uma pessoa que lhe conhecia lhe levou a sua casa e lhe deu uma túnica, um cinturão e umas sandálias de peregrino. Para reparar a Igreja, foi a pedir esmola em Assis, donde todos lhe haviam conhecido rico e, naturalmente, houve de suportar as brincadeiras e o desprezo de mais de um mal intencionado. O mesmo se encarregou de transportar as pedras que faziam falta para reparar a Igreja e ajudou no trabalho. Uma vez terminadas as reparações na Igreja de São Damião, Francisco empreendeu um trabalho semelhante na antiga Igreja de São Pedro.

Depois, se trasladou a uma capela chamada Porciúncula, que pertencia à abadia beneditina de Monte Subasio. Provavelmente o nome da capela aludia ao feito de que estava construída em uma reduzida parcela de terra. A Porciúncula se achava a uns quatros kilômetros de Assis e, naquela época, estava abandonada e quase em ruínas. A tranqüilidade do lugar agradou a Francisco tanto como o titulo de Nossa Senhora dos Anjos, em cuja honra havia sido erigida à capela. Francisco a reparou e fixou nela sua residência. Ali lhe mostrou finalmente o céu o que esperava por ele, no dia da festa de São Matias de ano 1209. Naquela época, o evangelho da Missa da festa dizia: "Ide a pregar, dizendo: o Reino de Deus tinha chegado. Dai gratuitamente o que haveis recebido gratuitamente. Não possuas ouro, nem duas túnicas, nem sandálias. Aqui que vos envio como Cordeiros em meio dos lobos". Estas palavras penetraram até o mais profundo no coração de Francisco e este, aplicando-as literalmente, tirou seus sandálias, e seu cinturão e ficou somente com a pobre túnica cingida com um cordão. Tal foi o hábito que deu a seus irmãos um ano mais tarde: a túnica de lã dos pastores e camponeses da região. Vestido dessa forma começou a exortar a penitência com tal energia, que suas palavras enchiam os corações de seus ouvintes. Quando se topava com alguém no caminho, lhe saudava com estas palavras: "A paz de Senhor seja contigo".


Dons Extraordinários


Deus lhe havia concedido e a o dom de profecia e o dom de milagres. Quando pedia esmola para reparar a Igreja de São Damião, costumava dizer: "ajudai-me a terminar esta Igreja.  um dia haverá ali um convento de religiosas em cujo bom nome se glorificarão o Senhor e a universal Igreja".
A profecia se verificou cinco anos mais tarde em Santa Clara e seus religiosas. Um habitante de Espoleto sofria de um câncer que lhe havia desfigurado horrivelmente o rosto. Em certa ocasião, ao cruzar com São Francisco, o homem tentou jogar-se a seus pés, mas o santo teve piedade e lhe beijou no rosto. O enfermo ficou instantaneamente curado. São Boas Ventura comentava a este propósito: "Não se há, que admirar mais o beijo ou o milagre ".

Nova ordem religiosa e visita ao Papa

Francisco teve numerosos seguidores e alguns queriam fazer se discípulos seus. O primeiro discípulo foi Bernardo de Quintavale, um rico comerciante de Assis. Ao principio Bernardo via com curiosidade a evolução de Francisco e com freqüência lhe visitava a sua casa, donde lhe tinha sempre preparado um leito. Bernardo se fingia dormido para observar como o servo de Deus se levantava silenciosamente e passava largo tempo em oração, repetindo estas palavras: "Meu Deus e meu tudo". Ao fim, compreendeu que Francisco era "verdadeiramente um homem de Deus e em seguida lhe suplicou que lhe admitisse como discípulo. Desde então, juntos assistiam a Missa e estudavam a Sagrada Escritura para conhecer a vontade de Deus. Como as indicações da Bíblia concordavam com seus propósitos, Bernardo vendeu quanto tinha e repartiu o produto entre os pobres. Pedro de Cataneo, cônego da catedral de Assis, pediu também a Francisco que lhe admitisse como discípulo e o santo lhes "concedeu o hábito" aos dois juntos, o 16 de abril de 1209.
O terceiro companheiro de São Francisco foi o irmão Gil, famoso por seu grande sensatez e sabedoria espiritual. Em 1210, quando o grupo contava e a com doze membros, Francisco relatou uma regra breve e informal que consistia principalmente nos conselhos evangélicos para alcançar a perfeição.
Com ela se foram a Roma apresenta-la para aprovação de Sumo Pontífice. Viajaram a pé, cantando e rezando, cheios de felicidade, e vivendo das esmolas que as gentes lhes davam. Em Roma não queriam aprovar esta comunidade porque lhes parecia demasiado rígida quanto a pobreza, mas ao fim um cardeal disse: "Não lhes podemos proibir que vivam como mandou Cristo no evangelho". Receberam a aprovação, e voltaram a Assis a viver em pobreza, em oração, em santa alegria e grande fraternidade, junto a Igreja da Porciúncula.

Inocêncio III se mostrou adverso ao principio. Por outra parte, muitos cardeais opinavam que as ordens religiosas e a existentes necessitavam de reforma, não de multiplicação e que a nova maneira de conceber a pobreza era impraticável. O cardeal João Colonna achegou em favor de Francisco que sua regra expressava os mesmos conselhos com que o Evangelho exortavam a perfeição. Mais tarde, o Papa relatou a seu sobrinho, quem a sua vez o comunicou a São boa ventura, que havia visto em sonhos uma palmeira que crescia rapidamente e depois, havia visto a Francisco sustentando com seu corpo a basílica que estava a ponto de cair. Cinco anos depois, o mesmo Pontífice teria um sonho semelhante a propósito de Santo Domingo. Inocêncio III mandou, pois, chamar a Francisco e aprovou verbalmente sua regra; em seguida lhe impôs o corte dos cabelos, assim como aos seus companheiros e lhes deu por missão pregar a penitência.


A Porciúncula


São Francisco e seus companheiros se mudaram provisoriamente a uma cabana, fora de Assis, de donde saiam a pregar por toda a região. Pouco depois, tiveram dificuldades com um camponês que reclamava a cabana para usa-la como estábulo de seu asno. Francisco respondeu: " Deus não nos tinha chamado a preparar estábulos para os asnos", e em seguida abandonou o lugar e partiu para ver o abade de Monte Subasio. Em 1212, o abade deu a Francisco a capela da Porciúncula, na condição de que a conservasse sempre como a Igreja principal da nova ordem. O santo se negou a aceitar a propriedade da capela e apenas a admitiu emprestada. Em prova de que a Porciúncula continuava como propriedade dos beneditinos, Francisco lhes enviava cada ano, a maneira de recompensa pelo préstimo, uma cesta de pescados colhidos no riacho vizinho. Por seu parte, os beneditinos correspondiam enviando-lhe um tonel de azeite. Tal costume ainda existe entre os franciscanos de Santa Maria dos Anjos e os beneditinos de São Pedro de Assis.

Ao redor da Porciúncula, os frades construíram várias cabanas primitivas, porque São Francisco não permitia que a ordem em geral e os conventos em particular, possuíssem bens temporais. Havia feito da pobreza o fundamento de sua ordem e seu amor a pobreza se manifestava em sua maneira de vestir-se, nos utensílios que usava em cada um de seus atos. Costumava chamar a seu corpo "o irmão asno", porque o considerava como feito para transportar carga, para receber golpes e para comer pouco e mal.

Quando via ocioso a algum frade, lhe chamava "irmão mosca" porque em vez de cooperar com os demais atrapalhava o trabalho dos outros.
Pouco antes de morrer, considerando que o homem está obrigado a tratar com caridade a seu corpo, Francisco pediu perdão ao seu corpo por ter o tratado talvez com demasiado rigor. O santo se havia oposto sempre as austeridades indiscretas e exageradas. Em certa ocasião, vendo que um frade havia perdido o sono por causa de excessivo jejum, Francisco lhe levou alimento e comeu com ele para que se sentisse menos mortificado.


Deus lhe outorga sabedoria


A principio de sua conversão, vendo se atacado de violentas tentações de impureza, saia a deitar-se desnudo sobre a neve. Certa vez em que a tentação foi todavia mais violenta que de costume, o santo se disciplinou furiosamente; como isso não bastasse para acabar com ela, acabou por rolar sobre as sarças e os abrolhos. Sua humildade não consistia simplesmente em um desprezo sentimental de si mesmo, mas sim na convicção de que "ante os olhos de Deus o homem vale pelo que é e não mais". Considerando se indigno do sacerdócio, Francisco apenas chegou a receber o diaconato.
Detestava de todo coração as singularidades. Assim quando lhe contaram que um dos frades era tão amante do silêncio que apenas se confessava por sinais, respondeu com desgosto: "Isso não procede do Espírito de Deus mas sim do demônio; é uma tentação e não um ato de virtude ". Deus iluminava a inteligência de seu servo com uma luz de sabedoria que não se encontra nos livros. Quando certo frade lhe pediu permissão de estudar, Francisco lhe contestou que, se repetisse devoção o "glória Patri", chegaria a ser sábio aos olhos de Deus e ele mesmo era o melhor exemplo da sabedoria adquirida dessa forma.


A Natureza


Seus contemporâneos falam com freqüência do carinho de Francisco pelos animais e do poder que tinha sobre eles.


Aventura de amor com Deus


Os primeiros anos da ordem em Santa Maria dos anjos foram um período de treinamento na pobreza e a caridade fraternas. Os frades trabalhavam em seus ofícios e nos campos vizinhos para ganhar o pão de cada dia. Quando não havia trabalhou suficiente, saiam a pedir esmola de porta em porta; mas o fundador lhes havia proibido que aceitassem dinheiro. Estavam sempre prontos a servir a todo o mundo, particularmente aos leprosos. São Francisco insistia em que chamassem aos leprosos "meus irmãos cristãos" e aos enfermos não deixavam de prestar esta profunda delicadeza.


Santa Clara


Clara havia partido de Assis para seguir a Francisco, na primavera de 1212, depois de ouvi-lo pregar. O santo conseguiu estabelecer a Clara e suas companheiras em São Damião, e a comunidade de religiosas chegou a ser, para os franciscanos, o que as monjas de Prouile haviam de ser para os dominicanos.


Evangeliza aos maometanos


No outono desse ano, Francisco, não contente com tudo o que havia sofrido e trabalhado pelas almas na Itália, resolveu ir evangelizar aos maometanos.
Assim pois, se embarcou em Ancona com um companheiro rumo a Síria; mas uma tempestade fez naufragar a nave na costa de Dalmacia. Como os frades não tinham dinheiro para prosseguir a viajem se viram obrigados a esconder se furtivamente em um navio para voltar a Ancona. Depois de pregar um ano no centro de Itália, São Francisco decidiu partir novamente a pregar aos maometanos em Marrocos. Mas Deus tinha disposto que não chegasse nunca a seu destino: o santo caiu enfermo na Espanha e, depois, teve que retornar a Itália.


A humildade e Obediência


São Francisco deu a sua ordem o nome de "frades Menores" por humildade, pois queria que seus irmãos fossem os servos de todos e buscassem sempre os lugares mais humildes. Com freqüência exortava a seus companheiros ao trabalho manual e, se bem lhes permitia pedir esmola, lhes tinha proibido que aceitassem dinheiro. Pedir esmola não constituía para ele uma vergonha, era uma maneira de imitar a pobreza de Cristo. O santo não permitia que seus irmãos pregassem em uma diocese sem permissão expressa do Bispo. Entre outras coisas, dispôs que "se algum dos frades se apartava da fé católica em obras ou palavras e não se corrigia, deveria ser expulsado da irmandade". Todas as cidades queriam ter o privilégio de albergar aos novos frades, e as comunidades se multiplicaram na Umbria, Toscana, Lombardia e Ancona.



Cresce a ordem


Se conta que em 1216, Francisco solicitou do Papa Honório III a indulgência da Porciúncula o "perdão de Assis ". No ano seguinte, conheceu em Roma a Santo Domingo, quem havia pregado a fé e a penitência no sul da França na época em que Francisco era "um gentil homem de Assis ". São Francisco tinha também a intenção de ir pregar na França. Mas, como o cardeal Ugolino (quem foi mais tarde Papa com o nome de Gregório IX) lhe dissuadiu disso, enviou em seu lugar aos irmãos Pacifico e Agnelo. Este último havia de introduzir mais tarde a ordem dos frades menores na Inglaterra.
O sábio e bondoso cardeal Ugolino exerceu uma grande influência no desenvolvimento da ordem. Os companheiros de São Francisco eram tão numerosos, que se imponha forçosamente certa forma de organização sistemática e de disciplina comum. Assim pois, se procedeu a dividir a ordem em províncias, a frente de cada uma das quais se pôs um ministro, encarregado do bem espiritual dos irmãos;se algum deles chegasse a perder se pelo mal exemplo de ministro, este teria que responder por ele ante Jesus Cristo".

Os frades haviam cruzado os Alpes e tinham missões na Espanha, Alemanha e Hungria. O primeiro capitulo geral se reuniu na Porciúncula, em Pentecostes do ano de 1217. Em 1219, teve lugar o capitulo "das esteiras", assim chamado pelas cabanas que construíram precipitadamente com esteiras para albergar aos que chegavam. Se conta que se reuniram então cinco mil frades. Francisco lhes insistia em que amassem muitíssimo a Jesus Cristo e a Santa Igreja Católica, e que vivessem com o maior desprendimento possível, e não se cansava de recomendar-lhes que cumprissem o mais exatamente possível tudo o que manda o Santo Evangelho. Recorria campos e povos convidando as pessoas a amar mais a Jesus Cristo, e repetia sempre: 'O Amor não é amado".

As pessoas lhe escutavam com especial carinho e se admiravam muito que seus palavras influíam nos corações para entusiasma-los por Cristo e sua Verdade. Propuseram que pedisse ao Papa permissão para que os frades pudessem pregar em as todas partes sem autorização do Bispo, Francisco respondeu: "quando os Bispos verem que vives santamente e que não tens intenções de atentar contra sua autoridade, serão os primeiros em pedir que trabalheis pelo bem das almas que lhes tem sido confiadas. Considerai como o maior dos privilégios o de não gozar de privilégio algum..." ao terminar o capitulo, São Francisco enviou alguns frades a primeira missão entre os infiéis de Túnis e Marrocos e se reservou para si a missão entre os sarracenos do Egito e Síria. Em 1215, durante o Concílio de Letram, o Papa Inocêncio III havia pregado uma nova cruzada, mas tal cruzada se havia reduzido simplesmente a reforça o Reino Latino do Oriente. Francisco queria empunhar a espada de Deus. São Francisco, foi a terra Santa a visitar em devota peregrinação os Santos Lugares donde Jesus nasceu, viveu e morreu: Belém, Nazaré, Jerusalém, etc. Em lembrança desta piedosa visita sua, os franciscanos estão encarregados desde séculos de custodiar os Santos Lugares da Terra Santa.


Missionário ante o Sultão


Em junho de 1219, embarcou em Ancona com doze frades. O navio os conduziu a desembocadura do Nilo. Os cruzados haviam posto sítio a cidade, e Francisco sofreu muito ao ver o egoísmo e os costumes dissolutos dos soldados da cruz. Consumido pelo zelo da salvação dos sarracenos, decidiu passar ao campo do inimigo, por mais que os cruzados lhe dissessem que a cabeça dos cristãos estavam postas a prêmio. Havendo conseguido a autorização, Francisco e o irmão Iluminado se aproximaram ao campo inimigo, gritando: " Sultão, sultão!" quando os conduziram a presença de Malek-al-Kamil, Francisco declarou ousadamente. "Não são os homens quem me tem enviado, mas sim Deus todo poderoso. Venho a mostrar, a ti e a teu povo, o caminho da salvação; venho a anunciar as verdades do Evangelho."

O sultão ficou impressionado e rogou a Francisco que permanecesse com ele. O santo replicou: "Se vós e teu povo estais dispostos a ouvir a palavra de Deus, com gosto estarei com vocês. E se todavia vacilais entre Cristo e Maomé, manda acender uma fogueira. Eu entrarei nela com vossos sacerdotes e assim vereis qual é a verdadeira fé. O sultão contestou que provavelmente ninguém dos sacerdotes queria entrar na fogueira e que não podia submete-los a essa prova para não sublevar o povo. Contam que o Sultão chegou a dizer: ¨se todos os cristãos fosse como ele, então valeria a pena ser cristão¨.
Mas o sultão, Malek-al-Kamil, mandou que Francisco voltasse ao campo dos cristãos. Desalentado ao ver o reduzido êxito de sua pregação entre os sarracenos e entre os cristãos, o santo passou a visitar os Santos Lugares. Ali recebeu uma carta na qual seus irmãos lhe pediam urgentemente que retornasse a Itália.


A crises de acomodamento leva a clarificar a regra


Durante a ausência de Francisco, seus dois vigários, Mateo de Narnem e gregório de Nápoles, haviam introduzido certas inovações que pretendia uniformizar os frades menores com as outras ordens religiosas e a enquadrar o espírito franciscano no rígido esquema da observância monástica e das regras ascéticas.

As religiosas de São Damião tinham uma constituição própria, relatada pelo cardeal Ugolino sobre a base da regra de São Bento. Ao chegar a Bolonha, Francisco teve a desagradável surpresa de encontrar a seus irmãos hospedados em um esplêndido convento. O santo se negou a por os pés nele e viveu com os frades pregadores. Em seguida mandou chamar ao guardião do convento franciscano, lhe repreendeu severamente e lhe ordenou que os frades abandonassem a casa. Tais acontecimentos tinham aos olhos do santo as proporções de uma verdadeira traição: se tratava de uma crise da qual teria que sair a ordem sublimada ou destruída. São Francisco se trasladou a Roma onde conseguiu que Honório III nomeasse o cardeal Ugolino protetor e conselheiro dos franciscanos, pois ele havia depositado uma fé cega no fundador e possuía uma grande experiência nos assuntos da Igreja. Ao mesmo tempo, Francisco se entregou ardentemente a tarefa de revisar a regra, para o que convocou a um novo capitulo geral que se reuniu na Porciúncula em 1221.

O santo apresentou aos de longe a regra revisada. O que se referia a pobreza, a humildade e a liberdade evangélica, característica da ordem, ficava intacto. Ele constituía uma espécie de direito de fundador aos dissidentes e legalistas que, escondidos tramavam uma verdadeira revolução do espírito franciscano. O chefe da oposição era o irmão Elias de Cortona. O fundador havia renunciado a direção da ordem, de sorte que seu vigário, frei Elias, era praticamente o ministro geral. Sem dúvida, não se atreveu a opor-se ao fundador, a quem respeitava sinceramente.

Na realidade, a ordem era demasiado grande, como o disse o próprio São Francisco: "Se tivesse menos frades menores, o mundo os veria menos e desejaria que fossem mais". Ao fim de dois anos, durante os quais houve de lutar contra a corrente cada vez mais forte que pretendia modificar a ordem em uma direção que ele não havia previsto e que lhe parecia comprometer o espírito franciscano, o santo empreendeu uma nova revisão da regra.
Depois a comunicou ao irmão Elias para que este a passasse aos ministros, mas o documento se extraviou e o santo houve de ditar novamente a revisão ao irmão Leão, em meio ao clamor dos frades que afirmavam que a proibição de possuir bens em comum era impraticável.

A regra, tal como foi aprovada por Honório III em 1223, representava substancialmente o espírito e o modo de vida pelo qual havia lutado São Francisco desde o momento em que se despojou de suas ricas vestes ante o Bispo de Assis.


A Terceira Ordem


Uns dois anos antes São Francisco e o cardeal Ugolino haviam relatado uma regra para a confraria de leigos que se haviam associado aos frades menores e que correspondia ao que atualmente chamamos terceira ordem, fincada no espírito da "Carta a todos os cristãos ", que Francisco havia escrito nos primeiros anos de sua conversão.

A confraria, formada por leigos entregados a penitência, que levavam uma vida muito diferente da que se acostumava então, chegou a ser uma grande força religiosa na idade Media.

No direito canônico atual, os terciários das diversas ordens gozam, todavia de um estatuto especificamente diferente da dos membros das confrarias e congregações marianas.


A representação de Nascimento de Jesus


São Francisco passou o Natal de 1223 em Grecehio, no vale de Rieti. Em tal ocasião, havia dito a seu amigo, João da Velita- "Quisera fazer uma espécie de representação vivente do nascimento de Jesus em Belém, para presenciar, por dizer assim, com os olhos do corpo a humildade da Encarnação e vê-lo recostado no casebre entre o boi e o burrinho". Em efeito, o santo construiu então na ermita uma espécie de cova e os camponeses dos arredores assistiram a Missa da meia noite, na qual Francisco atuou como diácono e pregou sobre o mistério do Natal. Lhe atribui ter começado naquela ocasião a tradição de "Belém" o "nascimento ".

Nos disse Tomas Celano em sua biografia do santo: "A Encarnação era um componente chave na espiritualidade de Francisco. Queria celebrar a Encarnação de forma especial. Queria fazer algo que ajudasse a gente a recordar ao Cristo menino e como nasceu em Belém". São Francisco permaneceu vários meses no retiro de Grecehio, consagrado a oração, mas ocultou zelosamente aos olhos dos homens as graças especialíssimas que Deus lhe comunicou na contemplação.

O irmão Leon, que era seu secretário e confessor, afirmou que lhe havia visto várias vezes durante a oração elevar-se tão alto sobre o solo, que apenas podia alcançar-lhe os pés e, em certas ocasiões, nem sequer isso.


Os Estigmas


Perto da festa da Assunção de 1224, o santo se retirou ao Monte Alvernia e construiu ali uma pequena cela. Levou consigo ao irmão Leon, mas proibiu que fossem visitar-lhe até depois da festa de São Miguel. Ali foi onde teve lugar, próximo de dia da Santa Cruz de 1224, o milagre dos estigmas, de que falamos no 17 de setembro. Francisco tratou de ocultar aos olhos dos homens os sinais da paixão de Senhor que tinha impressas no corpo; Por ele, a partir de então levava sempre as mãos dentro das mangas do hábito e usava meias e sapatos. Sem dúvida, desejando o conselho de seus irmãos, comunicou o sucedido ao irmão Iluminado e alguns outros, mas escondeu que lhe haviam sido reveladas certas coisas que jamais descobriria homem algum sobre a terra.

Em certa ocasião em que se achava enfermo, alguém propôs que se lhe lesse um livro para distrair. O santo respondeu: "Nada me ajudai tanto como a contemplação da vida e paixão do Senhor. Ainda que tivesse que viver até o fim de mundo, com somente esse livro me bastaria. Francisco havia se enamorado da santa pobreza enquanto contemplava a Cristo crucificado e meditava na nova crucificação que sofria na pessoa dos pobres. O santo não desapreciava a ciência, mas não a desejava para seus discípulos. Os estudos apenas tinham razão de ser para Deus como um fim e apenas podiam aproveitar aos frades menores, se não lhes impe dizem de consagrar a oração um tempo.

Francisco se aborrecia dos estudos que alimentavam mais a vaidade que a piedade, porque impediam a caridade e secavam o coração. Sobre todo, temia que a senhora ciência se convertesse em rival da dama Pobreza. Vendo com quanta ansiedade que acudiam as escolas e buscavam os livros seus irmãos, Francisco exclamou em certa ocasião: "Impulsionados pelo mal espírito, meus pobres irmãos acabaram por abandonar o caminho da sensatez e da pobreza". Antes de sair de Monte Alvernia, o santo compôs o "Hino de adoração ao Altíssimo ". Pouco depois da festa de São Miguel desceu finalmente ao vale, marcado pelos estigmas da paixão e curou aos enfermos que saíram atrás dele.


A irmã morte


As quentes areias do deserto do Egito afetaram a vista de Francisco até o ponto de estar quase completamente cego. Os dois últimos anos da vida de Francisco foram de grandes sofrimentos. Fortes dores devido ao deterioração de muitos de seus órgãos (estômago, fígado e o baço), conseqüências da malária contraída no Egito. Nas mais terríveis dores, Francisco oferecia a Deus tudo como penitência, pois se considerava grande pecador e para a salvação das almas. Era durante sua enfermidade e dor onde sentia a maior necessidade de cantar. Sua saúde ia piorando, os estigmas lhe faziam sofrer e lhe debilitavam e quase havia perdido a visão. No verão de 1225 esteve tão enfermo, que o cardeal Ugolino e o irmão Elias lhe obrigaram a por-se em mãos do médico do Papa em Rieti. O santo obedeceu com sensatez. No caminho a Rieti foi a visitar a Santa Clara no convento de São Damião.

Ali, em meio dos mais agudos sofrimentos físicos, escreveu o "Cântico do irmão sol" e o adaptou a uma toada popular para que seus irmãos pudessem canta-lo. Depois se trasladou a Monte Rainerio, onde se submeteu ao tratamento brutal que o médico lhe havia prescrito, mas a melhora que ele lhe produziu foi apenas momentânea. Seus irmãos lhe levaram então a Siena a consultar a outros médicos, mas o santo estava moribundo.

No testamento que ditou para seus frades, lhes recomendava a caridade fraterna, os exortava a amar e observar a santa pobreza e a amar e honrar a Igreja. Pouco antes de sua morte, ditou um novo testamento para recomendar a seus irmãos que observassem fielmente a regra e trabalhassem manualmente, não pelo desejo de lucro, mas sim para evitar a ociosidade e dar bom exemplo. "Se não nos pagam nosso trabalho, acudamos a mesa do Senhor, pedindo esmola de porta em porta".

Quando Francisco voltou a Assis, o Bispo lhe hospedou em sua própria casa. Francisco rogou aos médicos que lhe dissessem a verdade, e estes confessaram que apenas lhe restava umas semanas de vida. " Bem vinda, irmã Morte!", exclamou o santo em seguido, pediu que lhe transportassem a Porciúncula. Pelo caminho, quando a comitiva se achava no cume de uma colina, da qual se via o panorama de Assis, pediu aos que portavam a cama que se detivessem um momento e então voltou seus olhos cegos em direção a cidade e implorou as benções de Deus para ela e seus habitantes.
Depois mandou aos irmãos que se apressassem a leva-lo a Porciúncula. Quando sentiu que a morte se aproximava, Francisco enviou um mensageiro a Roma para chamar a nobre dama Giacoma di Setesoli, que havia sido sua protetora, para rogar lhe que trouxesse consigo alguns círios e um pano para a amortalha, assim comeu uma porção de um pastel que ele gostava muito. Felizmente, a dama chegou a Porciúncula antes que o mensageiro partisse.
Francisco exclamou: " Bendito seja Deus que nos tinha enviado a nossa irmã Giacoma! a regra que proíbe a entrada das mulheres não afeta a nossa irmã Giacoma. Diga-lhe que entre". O santo enviou uma última mensagem a Santa Clara e a suas religiosas e pediu a seus irmãos que entoassem os versos do "cântico de Sol" enquanto esperava a morte. Em seguida rogou que lhe trouxessem um pão e o repartiu entre os presentes em sinal de paz e de amor fraternal dizendo: "Eu tenho feito quanto pude de minha parte, que Cristo os ensine a fazer o que está da vossa".
Seus irmãos lhe estenderam por terra e lhe cobriam com um velho hábito. Francisco exortou a seus irmãos ao amor de Deus, da pobreza e do Evangelho, "por encima de todas as regras", e bendisse a todos seus discípulos, tanto aos presentes como aos ausentes. Morreu no dia três de outubro de 1226, depois de escutar a leitura da Paixão do Senhor segundo São João. Francisco havia pedido que lhe sepultassem no cemitério dos criminosos de Cole d'lnferno. Em vez de fazer assim, seus irmãos levaram no dia seguinte o cadáver em solene procissão a Igreja de São Jorge, em Assis. Ali esteve depositado até dois anos depois da canonização. Em 1230, foi secretamente trasladado a grande basílica construída pelo irmão Elias. O cadáver desapareceu da vista dos homens durante seis séculos, até que em 1818, após cinqüenta e dois dias de busca, foi descoberto sob o altar mor, a vários metros de profundidade. O santo não tinha mais que quarenta e quatro ou quarenta e cinco anos ao morrer.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ofício de Nossa Senhora

Este Ofício foi escrito na Itália, no século XV, pelo franciscano Bernardino de Bustis, e aprovado pelo Papa Inocêncio XI em 1678.


Matinas e Laudes (Manhã e madrugada)

Deus vos salve Virgem, Filha de Deus Pai! Deus vos salve Virgem, Mãe de Deus Filho! Deus vos salve Virgem, Esposa do Divino Espírito Santo! Deus vos salve Virgem, Templo e Sacrário da Santíssima Trindade! Agora, lábios meus, dizei e anunciai os grandes louvores da Virgem Mãe de Deus. Sede em meu favor, Virgem soberana, livrai-me do inimigo com o vosso valor. Glória seja ao Pai, ao Filho e ao Amor também, que é um só Deus em três Pessoas, agora e para sempre, e sem fim. Amém.

Hino

Deus vos salve, Virgem, Senhora do mundo, Rainha dos céus e das virgens, Virgem. Estrela da manhã, Deus vos salve, cheia de graça divina, formosa e louçã. Dai pressa Senhora, em favor do mundo, pois vos reconhece como defensora. Deus vos nomeou já desde toda a eternidade, para a Mãe do Verbo, com o qual criou, terra, mar e céus. E vos escolheu, quando Adão pecou, por esposa de Deus. Deus vos escolheu, e já muito dantes em seu tabernáculo morada lhe deu. Ouvi, Mãe de Deus, minha oração. Toquem vosso peito os clamores meus. 

Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim os olhos de Vossa piedade e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados, para que eu que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição, mereça na outra vida alcançar o prêmio da bem-aventurança, por mercê do Vosso benditíssimo Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Amém.

Prima (6 horas da manhã)

Sede em meu favor, etc. Glória seja ao Pai, etc.

Hino

Deus vos salve, mesa para Deus ornada, coluna sagrada, de grande firmeza; Casa dedicada a Deus sempiterno, sempre preservada Virgem do pecado. Antes que nascida, foste, Virgem, santa, no ventre ditoso de Ana concebida. Sois Mãe criadora dos mortais viventes. Sois dos Santos porta, dos Anjos Senhora. Sois forte esquadrão contra o inimigo, estrela de Jacó, refúgio do cristão. A Virgem, a criou Deus no Espírito Santo, e todas as suas obras, com elas as ornou. Ouvi, Mãe de Deus, minha oração. Toque Vosso peito os clamores meus.

Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, etc.

Terça (9 horas da manhã)

Sede em meu favor, etc. Glória seja ao Pai, etc.

Hino

Deus Vos salve, trono do grão Salomão, arca de concerto, velo de Gedeão; Íris do céu clara, sarça de visão, favo de Sansão, florescente vara; a qual escolheu para ser Mãe sua, e de Vós nasceu o Filho de Deus. Assim Vos livrou da culpa original, nenhum pecado há em Vós sinal. Vós, que habitais lá nessas alturas, e tendes Vosso Trono sobre as nuvens puras. Ouvi, Mãe de Deus, minha oração. Toque em Vossos peitos os clamores meus.

Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, etc.

Sexta (meio-dia)

Sede em meu favor, etc. Glória seja ao Pai, etc.

Hino

Deus Vos salve, Virgem de trindade templo, alegria dos anjos, da pureza exemplo; que alegrais os tristes, com vossa clemência, horto de deleite, palma da paciência. Sois terra bendita e sacerdotal. Sois de castidade símbolo real. Cidade do Altíssimo, porta oriental; sois a mesma graça, Virgem singular. Qual lírio cheiroso, entre espinhas duras, tal sois Vós, Senhora entre as criaturas. Ouvi, Mãe de Deus, minha oração. Toque em Vosso peito os clamores meus.

Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, etc.

Nona (3 horas da tarde)

Sede em meu favor, etc. Glória seja ao Pai, etc.

Hino

Deus vos salve, cidade de torres guarnecida, de Davi, com armas bem fortalecida. De suma caridade sempre abrasada, do dragão a força foi por Vós prostrada. A mulher tão forte! A invicta Judite! Que Vós alentastes o sumo Davi. Do Egito o curador, de Raquel nasceu: Do mundo o Salvador Maria no-Lo deu. Toda é formosa minha companheira, nela não há mácula da culpa primeira. Ouvi, Mãe de Deus, minha oração, toquem o Vosso peito os clamores meus.

Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, etc.

Vésperas (6 horas da tarde)

Sede em meu favor etc. Glória seja ao Pai etc.

Hino

Deus vos salve, relógio, que, andando atrasado, serviu de sinal ao Verbo Encarnado. Para que o homem suba às sumas alturas, desce Deus dos céus para as criaturas. Com os raios claros do Sol da Justiça, resplandece a Virgem, dando ao sol cobiça. Sois lírio formoso que cheiro respira entre os espinhos. Da serpente a ira Vós a quebrantais com o vosso poder. Os cegos errados Vós alumiais. Fizestes nascer Sol tão fecundo, e como com nuvens cobristes o mundo. Ouvi, Mãe de Deus, minha oração. Toquem Vosso peito os clamores meus.

Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, etc.

Completas (9 horas da noite)

Rogai a Deus, Vós, Virgem, nos converta, que a sua ira aparte de nós. Sede em meu favor etc. Glória seja ao Pai, etc.

Hino

Deus Vos salve, Virgem Imaculada, Rainha de clemência, de estrelas coroada. Vós sobre os Anjos sois purificada; de Deus à mão direita estais de ouro ornada. Por Vós, Mãe de graça, mereçamos ver a Deus nas alturas, com todo prazer. Pois sois esperança dos pobres errantes, e seguro porto dos navegantes. Estrela do mar e saúde certa, e porta que estais para o céu aberta. É óleo derramado, Virgem, Vosso nome, e os vossos servos vos hão sempre amado. Ouvi, Mãe de Deus, minha oração. Toquem Vosso peito os clamores meus.

Oração
Santa Maria, Rainha dos céus, etc.

Oferecimento
Humildes oferecemos a Vós, Virgem pia, estas orações, porque, em Vossa guia, vades Vós adiante. E na agonia, Vós nos animeis, ó doce Virgem Maria. Amém

Oração a São João Bosco

Oh! Pai e mestre da juventude, São João Bosco, que tanto trabalhastes pela salvação das almas, sede nossa guia em buscar o bem da nossa e a salvação do próximo, ajudai-nos a vencer as paixões e o respeito humano, ensinai-nos a amar a Jesus Sacramentado, a Maria Santíssima Auxiliadora e ao Papa, e obtende-nos de Deus uma santa morte, para que possamos um dia achar-nos juntos no Céu.
Assim seja.

Oração para obter alguma graça especial


 Oh! Dom Bosco Santo, quando estavas nesta terra nã havia ningué que acudindo a Vós, não fosse, por Vós mesmo, benignamente recebido, consolado e ajudado.
Agora no céu, onde a caridade atinge a perfeição quanto deve arder vosso grande coração em amor até os necesitados!
Vede, pois, minhas presentes necessidades e ajudai-me obtendo-me do Senhor (pede-se a graça).
Também vós havéis experimentado durante a vida as privações, as enfermidades, as contradições, a incerteza do porvir, as ingratidões, as afrontas, as calúnias, as perseguições e sabeis que coisa é sofrer.
Pois, oh! Dom Bosco Santo, volvei até mim vosso bondoso olhar e obtende do Senhor quanto peço, se é ventajoso para minha alma; ou se não, obtende alguna outra graça que me seja ainda mais útil, e uma conformidade filial a divina vontade em todas as coisas, ao mesmo tempo que uma vida virtuosa e uma santa morte.
Assim seja.

Oração a São João Bosco

 Oh! Dom Bosco Santo, que com tão grande amor e zelo cultivasteis as múltiplas formas de ação católica que hoje florecem na Igreja, concedei a suas associações o maior progresso e desenvolvimento.
Redobrai em todos os corações a devoção a Santíssima Eucaristia e a Maria Auxiliadora dos cristãos.
Acrecentai neles o amor ao Papa, o zelo pela propagação da fé, um solicito esmero pela educação da juventude e grandes entusiasmos para suscitar novas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias.
Fazei que em cada uma das nações se fomente e inicie a guerra contra a blasfêmia e o mal falar e contra a imprensa ímpia; fazendo surgir em todas partes novos cooperadores para as diversas formas de apostolado recomendadas pelo Vigário de Cristo.
Infundi em todos os corações católicos a chama de vosso zelo, para que, vivendo em caridade difusiva, possam ao fim de suas vidas recolher o fruto das muitas obras boas praticadas durante ela.
Pai-Nosso, Deus te salve e Glória…
São João Bosco, rogai por nós.

Oração a Santa Rita de Cássia

Ó poderosa Santa Rita, chamada de Santa dos impossíveis, advogada dos casos desesperados, auxiliar na hora extrema, refúgio na dor, e salvação para os que se acham nos abismos do pecado e do desespero, com toda a confiança, no vosso celeste patrocínio, a vós recorro no difícil e imprevisto deste caso que dolorosamente me aflige o coração.
Dizei-me , Santa Rita não quereis auxiliar e consolar?
Afastarei o vosso olhar piedoso do meu pobre coração angustiado? Vós bem sabeis, vós bem conheceis o que seja o martírio do coração.
Pelos sofrimentos atrozes que padecestes, pelas lágrimas amargosíssimas que santamente chorastes, vinde em meu auxílio. Falai, rogai, intercedei por mim que não ouso fazê-lo ao Coração de Deus, Pai de misericórdia e fonte de toda a consolação, e obtende-me a graça que desejo. (Mencione-se a graça desejada).
Apresentada por vós, que sois tão cara ao Senhor, a minha prece será aceita e atendida certamente; valer-me-ei deste favor para melhorar minha vida e os meus hábitos, e para exaltar na terra e no céu as misericórdias divinas. Amém.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA


Estudo teológico da devoção ao Coração Imaculado de Maria

A expressão "cor immaculatum" é moderna. Ela se tornou de uso corrente depois da definição do dogma da Imaculada Conceição. Depois das aparições da Virgem em Fátima e da publicação dos escritos de irmã Lúcia, a expressão "coração imaculado" se impôs no uso eclesial e litúrgico. Ela atingiu a máxima difusão nos anos de 1942 e 1952, por causa da influência exercida pelos acontecimentos de Fátima, que determinaram a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria e uma quantidade de outras consagrações por parte de instituições eclesiais e às vezes civis. O movimento de piedade para com o Coração Imaculado de Maria alcançou o seu ápice em 1944 com a extensão da festa a toda a Igreja latina. Esses anos eram também anos de intenso florescimento da piedade mariana: nela se inseriu, com vigor jamais conhecido antes, a devoção ao Coração de Maria.

01- Breve história da devoção

Na Sagrada Escritura
A devoção ao coração de Maria tem o privilégio singular de poder contar com dois textos-chave neotestamentários, que estão na base de toda a tradição bíblica do Antigo Testamento, relacionados com os tempos messiânicos. São eles: "Maria, por sua vez, conservava todas essas coisas, meditando-as no seu coração" (Lc 2,19). "Sua mãe conservava todas essas coisas no seu coração" (Lc 2,51).
Há um terceiro texto: "E também a ti uma espada transpassará a alma" (Lc 2,35).
Maria é colocada no centro da reflexão cristã sobre os mistérios da infância de Jesus. Isso é muito importante para a espiritualidade cordimariana, já que o coração de Maria, segundo as fontes evangélicas, aparece como o berço de toda a meditação cristã sobre os mistérios de Cristo. E isso confere à devoção ao Coração de Maria um fundamento escriturístico de valor incomparável.
O texto da apresentação no templo - é igualmente de grande interesse mariológico, pois nele aparece com indiscutível profundidade a associação interior de Maria com toda a obra salvífica de seu Filho.
Tudo o que se realiza no corpo sofredor do Filho realizar-se na alma e no coração da mãe.
Na Patrística
A patrística, tanto grega quando latina, desenvolveu por meio de esplêndidas reflexões o conteúdo dos textos lucanos. Gregório Taumaturgo já expressa a idéia de que o Coração de Maria foi como que o vaso e o receptáculo de todos os mistérios. Simeão Matafrastes dá testemunho de longa tradição oriental que faz do Coração de Maria o próprio lugar da paixão de Jesus: "O teu lado foi transpassado, mas no mesmo instante o foi também o meu coração".
O tema da "concepção no coração" está presente na reflexão mariológica de toda a Idade Média e das épocas seguintes até o Concílio Vaticano II, que no entanto, o atribui à maternidade espiritual de Maria.
Hugo de São Vítor põe bem em evidência o tema segundo o qual o Verbo desceu ao seio de Maria justamente porque fora concebido primeiro no seu coração.

São João Eudes


Na história da devoção é preciso dar lugar especial a este santo "evangelista, apóstolo e doutor" da devoção aos sagrados corações de Jesus e Maria. Com São João Eudes temos: congregações religiosas dedicadas ao culto do Coração de Maria e do Coração de Jesus, as primeiras festas litúrgicas, com ofício e missa próprios, as primeiras obras sistemáticas de histórias, teologia e piedade; as primeiras confrarias, as primeiras aprovações da Igreja, tanto episcopais quanto pontifícias; as primeiras oposições sérias; a primeira grande difusão da devoção aos sagrados corações entre o povo cristão.
Que pretendia dizer São João Eudes com a expressão "Coração de Maria"? Em um de seus textos significativos nos dizem tudo. "O seu coração é a fonte e o princípio de todas as grandezas, excelências e prerrogativas com que se adorna, de todas as qualidades eminentes que a elevam acima de todas as criaturas, como o ser filha primogênita do eterno Pai, mãe do Filho, esposa do Espírito Santo e templo da Santíssima Trindade. Quer dizer também que esse santíssimo coração é a fonte de todas as graças que acompanham essas qualidades... e quer dizer ainda que esse mesmo coração é a fonte de todas as virtudes que praticou... E porque foram a humildade, a pureza, o amor e a caridade do coração que a tornaram digna de ser a mãe de Deus e como conseqüência, de possuir todos os dotes e todas as prerrogativas que devem acompanhar essa altíssima dignidade".

As aparições de Fátima


Hoje, em uma história da devoção ao Coração de Maria, não podemos deixar de fazer menção à mensagem cordimariana que, como nova primavera, as aparições de Fátima nos legaram e devido seu revigoramento, obitveram reconhecimento eclesial.
O anjo de Fátima, já na primeira e na segunda aparições, afirma: "Os Sagrados Corações de Jesus e de Maria têm o vosso respeito projetos de misericórdia". E, na terceira aparição, une a reparação ao Coração de Jesus à reparação ao Coração de Maria. A Virgem, na segunda aparição (junho de 1917), declara que Lúcia é apóstola da devoção ao seu Coração com estas palavras: "Jesus quer servir-se de ti para me fazeres conhecer e amar. Ele quer estabelecer ao mundo a devoção ao meu Coração Imaculado. Prometo a salvação a quem a praticar, essa almas serão amadas por Deus como flores colocadas por mim para adornar o seu trono".
No entanto, é sobretudo na aparição de junho de 1917 que a mensagem sobre o Coração de Maria se enriquece com uma série de elementos de grande importância: a visão do inferno, o futuro da Rússia soviética, os sofrimentos do mundo, da Igreja e do papa, o triunfo final do Coração de Maria. Nessa aparição a Virgem promete voltar novamente para pedir a comunhão reparadora nos primeiros sábados e a consagração da Rússia. A mensagem cordimariana em Fátima não só assumiu dimensão mundial e eclesial, mas ainda foi posteriormente aprofundada e interiorizada. Quando, nos anos de 1942 e seguintes, se difundem as duas primeiras parte do chamado "segredo de Fátima", Fátima se transforma em fenônemo carismático eclesial de primeira ordem; a partir deste momento começa como que uma nova era na história da Devoção ao Coração de Maria.

02- Liturgia

A festa litúrgica do Coração de Maria passou por muitas vicissitudes. De acordo com a história, houve primeiramente uma devoção privada ininterrupta, que não chegou a formas públicas oficiais.
Efetivamente, a primeira festa litúrgica do Coração de Maria, foi celebrada a 8 de fevereiro de 1648, na diocese de Autun.
Apesar disso, a festa não possuia nem missa nem ofício próprios. Estes foram finalmente concedidos por Pio IX em 21 de julho de 1855. O texto era inspirado no anterior de São João Eudes.
Bem cedo uma nova iniciativa se delineia no horizonte: a consagração do mundo ao Coração de Maria. Já em 1864 alguns bispos pedem ao papa tal consagração, aduzindo como justificativa e motivo a realeza de Maria.
A primeira nação que, com o beneplácito da Santa Sé, se consagrou ao Coração de Maria foi a Itália, por ocasião do Congresso Mariano de Turim, em 1897. O pedido decisivo partiu de Fátima e do episcopado português. Inesperadamente, a 31 de outubro de 1942, Pio XII, na sua mensagem radiofônica em português, consagrava o mundo ao Coração de Maria. Acontece, porém, que o que fora pedido nas revelações não era a consagração do mundo, mas, sim, a da Rússia, que devia ser feita pelo papa junto com todos os bispos do mundo. Essa consagração, realizou-se, de modo implícito mas claro, por João Paulo II a 25 de março de 1984. O Papa Paulo VI, a 21 de novembro de1964, ao encerrar a terceira sessão do Concílio Vaticano II, renovava, na presença dos padres conciliares, a consagração ao Coração de Maria feita por Pio XII. Mais recentemente, João Paulo II, no fim de sua primeira encíclica, "Redemptor Hominis" (4 de março de 1979), escreveu um significativo texto sobre o Coração de Maria. Ao tratar do mistério da redenção chega a dizer: "este mistério formou-se, podemos dizer, no coração da Virgem de Nazaré, quando pronunciou o seu "fiat". A partir de tal momento, este coração virginal e ao mesmo tempo materno, sob a ação particular do Espírito Santo, acompanha sempre a obra do seu Filho e se dirige a todos os que Cristo abraçou e abraça continuamente no seu inesgotável amor. E por isso este coração deve ser também maternalmente inesgotável. A característica deste amor materno, que a mãe de Deus incute no mistério da redenção e na vida da Igreja, encontra sua expressão na sua singular proximidade do homem e de todas as suas vicissitudes. Nisso consiste o mistério da mãe".

03 - Práticas e espiritualidade

Na história da piedade mariana a devoção ao Coração de Maria suscitou algumas características práticas de piedade, e, sobretudo, uma espiritualidade tanto de caráter ascético de forte purificação, quanto de elevação mística muito acentuada. O costume de dedicar o sábado à Virgem, que remonta à época de Alcuíno, tornou-se hoje a prática do "primeiro sábado do mês" consagrado ao Coração de Maria, talvez por analogia com a prática das "primeiras sexta-feiras" dedicadas ao Coração de Jesus. A prática dos primeiros sábados assume seu cunho definitivo com as revelações da Virgem, que a fixam em "cinco primeiros sábados" e a animam com a grande promessa do Coração de Maria. Eis a promessa: "Olha, minha filha, o meu coração circundado de espinhos, que os homens ingratos me enfiam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, faze algo para consolar-me; e transmite o seguinte: "A todos os que, durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, receberem a santa comunhão, recitarem um rosário e me fizerem companhia durante quinze minutos, mediando sobre os quinze mistérios do rosário, com o objetivo de reparar as ofensas que me são feitas, eu prometo assisti-los na hora da morte com todas as graças necessárias para a sua salvação".
A devoção ao Coração de Maria sempre foi, durante toda a sua história, fonte inesgotável de vida interior para as almas marianas. Depois, o humanismo devoto de São Francisco de Sales, faz o coração da virgem Maria o lugar de encontro das almas com o Espírito Santo. Se entendermos o termo "coração" em toda a sua riqueza semântica, semita e cristã, pela qual ele designa o "ponto de referência", o lugar em que se concentra a sua essência e de onde partem as suas palavras e as suas ações e, com este sentido, aplicarmos o termo à Virgem, veremos que a imagem por ele evocada é sinal sagrado da pessoa e das ações da própria virgem.
Convém insistir na sacramentalidade do "coração": é um órgão escondido, que não obstante se manifesta: não o vemos, mas percebemos as suas "ações" é uma realidade vital, mas que remete à realidade mais elevadas, humanas e sobrenaturais.
A devoção ao Coração de Maria não pode reduzir-se à contemplação do "sinal do coração", como às vezes aconteceu em épocas de gosto decadente. Ela deve abranger toda a realidade de Maria, considerada como mistério de graça, o amor e o dom total que ela fez de si a Deus e aos homens.

04- Memória Litúrgica atual

A Exortação apostólica "Marialis cultus" (2/2/1974), do Papa Paulo VI inclui a memória do Coração Imaculado da bem-aventurada Virgem Maria entre as "memórias ou festas que ... expressam orientações surgidas na piedade contemporânea" (mc 8), o que é verdade.

Origem histórica da festa


De fato, quem promoveu a celebração litúrgica do Coração de Maria foi São João Eudes (1601-1680), conforme explícitas declarações de Leão XIII (1903) e de Pio X (1909), que o chamam "pai, doutor e primeiro apóstolo" da devoção e particularmente do culto litúrgico aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, a que o santo quis que fossem consagrados de modo especial os religiosos da sua congregação. A 31 de outubro de 1942 (e depois, solenemente, a 8 de dezembro na basílica vaticana), no 25º aniversário das aparições de Fátima, Pio XII consagrava a Igreja e o gênero humano ao Coração Imaculado de Maria: como recordação perene de tal ato, a 4 de março de 1944, com o decreto "Cultus liturgicus", o papa estendia à toda a igreja latina a festa litúrgica do Coração Imaculado de Maria, designando-lhe como dia próprio 22 de agosto - oitava da Assunção - e elevando a rito duplo de segunda classe. O atual calendário reduziu a celebração à memória facultativa e quis encontrar para ele um lugar mais adequado colocando-a no dia seguinte à solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus.

Conteúdos dos textos litúrgicos


Essa aproximação das duas festas (Sacratíssimo Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria) nos faz voltar à origem histórica da devoção: na verdade, São João Eudes, nos seus escritos, jamais separa os dois corações. Aliás, durante nove meses a vida do Filho de Deus feito carne pulsou seguindo o mesmo ritmo da vida do coração de Maria. Mas os textos próprios da missa do dia destacam mais a beleza espiritual do coração da primeira discípula de Cristo.
Ela, na verdade, trouxe Jesus mais no coração do que no ventre; gerou-o mais com a fé do que com a carne! De acordo com textos bíblicos, Maria escutava e meditava no seu coração a palavra do Senhor, que era para ela como um pão que nutria o íntimo, como que uma água borbulhante que irriga um terreno fecundo. Neste contexto, aparece a fase dinâmica da fé de Maria: recordar para aprofundar, confrontar para encarnar, refletir para atualizar.
Maria nos ensina como hospedar Deus, como nutrir-nos com o seu Verbo, como viver tentando saciar a fome e a sede que temos dele. Maria tornou-se, assim, o protótipo dos que escutam a palavra de Deus e dela fazem o seu tesouro; o modelo perfeito dos que na Igreja devem descobrir, por meio de meditação profunda, o hoje desta mensagem divina. Imitar Maria nesta sua atitude quer dizer permanecer sempre atentos aos sinais do tempos, isto é, ao que de estranho e de novo Deus vai realizando na história por trás das aparências da normalidade; em uma palavra, quer dizer refletir, com o coração de Maria, sobre os acontecimentos da vida quotidiana, destes tirando, como ela o fazia, conclusões de fé.

Fonte: Dicionário de Mariologia, 1995 - Editora Paulus

Consagração à Nossa Senhora

Ó minha Senhora e também minha mãe, eu me ofereço, inteiramente todo a vós.
E em prova de minha devoção, eu hoje vos dou meu coração.
Consagro a vós meus olhos, meus ouvidos, minha boca.
Tudo o que sou, desejo que a vós pertença.
Incomparável mãe, guardai-me, defendei-me,
Como coisa e propriedade vossa. Amém. (bis)