segunda-feira, 18 de março de 2013

Novelas e a influência na mentalidade brasileira - Parte I

Está provado que as novelas moldam a moral brasileira.

Veja no fim da reportagem como fazer um protesto contra a novela das 21 hs, prevista para estrear no fim do semestre, que abordará a bissexualidade.

Muitos brasileiros já sabem pelo menos o nome da recente novela das 21hs. E não foi preciso completar a frase com “da globo”, para que o leitor pensasse: “Salve Jorge” (coitado de São Jorge).

A Rede Globo, historicamente a maior produtora de novelas diárias da televisão brasileira, tem índices altíssimos de audiência nos horários correspondentes a tais novelas, de modo especial aquelas que atingem um grande público e fazem mais sucesso, como a penúltima história das 21hs, “Avenida Brasil” em que, só para lembrar, a vilã imoral e perversa aparecia como uma católica ativa para disfarçar sua real personalidade.

Justamente pela hegemonia da Rede Globo na produção de telenovelas, ela tem um papel fundamental nas questões abordadas sutilmente nas tramas que, aos poucos, começam a integrar tendências, mentalidade e comportamento dos brasileiros. Vale ressaltar o papel de Dias Gomes, auto-declarado militante de esquerda, que em seu livro “Apenas um subversivo” afirmou várias vezes sua intenção de escrever tramas que disseminassem ideais que são abertamente anti-cristãos. Vejam só o que ele escreveu a respeito de suas novelas:

“Iniciava Verão Vermelho, ambientada na Bahia, entre coronéis,
jagunços, capoeiristas e poetas populares, e abordando tema até
então tabu entre nós, o divórcio – p. 258″ Verão Vermelho foi exibida em 1969. 

“”Iniciei Assim na Terra como no Céu, uma critica bem
humorada ao estilo de vida ipanemense, com seus boas-vidas
e seus cafajestes, e também abordando outro tema polêmico,
o celibato dos padres”
-p.258 – Esta novela foi ao ar em 1970

“‘Eu prometo’, (de 1984) com a ajuda de uma jovem escritora em início
de carreira, Glória Perez “- p. 319 – Podemos perceber com quem
Glória Perez aprendeu a escrever novelas…

Essas considerações não são especulações, ou pré-conceitos daqueles que não se interessam pelas histórias retratadas nas telenovelas há mais de 40 anos. Mas sim resultados de uma pesquisa coordenada por um economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Alberto Chong, que demonstra a capacidade das telenovelas em interferir diretamente em questões morais fundamentais da família, no caso específico desta pesquisa: fertilidade e divórcio.

Já em 1970 a Globo investia fortemente em tratar de temas diretamente anti-cristãos, como foi o caso de "Malu Mulher", que abordava divórcio, baixo índice de fertilidade e aborto.

“Percebemos que, quando a protagonista de uma novela era divorciada ou não era casada, a taxa de divórcio aumentava, em média, 0,1 ponto porcentual.”

O seriado “Malu Mulher”, que também está nas tramas analisadas pela pesquisa, é um exemplo claro da pretensão dos roteiros em moldar a opinião pública. Malu, personagem principal vivida por Regina Duarte, era uma socióloga divorciada que vive “os dramas” da mulher moderna. Segundo a própria descrição da rede Globo: “O seriado discutia as relações entre homem e mulher; as dificuldades da vida conjugal e da vida profissional; a educação dos filhos; e o conflito de gerações, questões até então inéditas na televisão brasileira. O seriado debatia ainda a condição da mulher emancipada que, diante de uma liberdade recém-conquistada, queria assumir responsabilidades sem precisar se submeter à figura do marido.”

E vejam só quais temas já apareciam na telinha da Globo, em 1970, numa época em que a sociedade brasileira estava muito mais pronta para se defender dos ataques da esquerda e do relativismo que crescia acentuadamente desde maio de 68:

(…) Na segunda temporada, Malu reaparece mais madura e ajustada. Tem um emprego fixo em um instituto de pesquisa, um carro em bom estado, as prestações do apartamento quitadas e uma empregada. Ela começa, então, a pensar em recomeçar sua vida afetiva. O seriado continua falando de temas considerados tabus na época, como virgindade, orgasmo e aborto.” 

Será tudo uma simples coincidência?

Pesquisas demonstram como novelas moldam a sociedade brasileira.

Foram realizados dois estudos com base em 115 novelas exibidas às 19hs e às 20hs, pela Rede Globo, entre 1965 e 1999, sendo a primeira “Rosinha do Sobrado” e a última “Vila Madalena”.

Os estudos: Novelas e fertilidade: evidências do Brasil (2008) e Televisão e divórcio: evidências de novelas brasileiras (2009), indicam que o índice de fertilidade diminuiu drasticamente de 1970 até 2000 em locais onde o sinal da emissora chegava sem problemas: “a taxa total de fecundidade foi de 6,3 em 1960, 5,8 em 1970, 4,4 em 1980, 2,9 em 1991 e 2,3 em 2000” uma queda de mais de 50% em 40 anos, sendo que esses números continuam caindo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esses números, como demonstra a pesquisa, convergem com a insistência dos autores em criar histórias nas quais as protagonistas são mulheres bem sucedidas, pois são independentes, podem trabalhar e, por isso, não querem ser mães, não se prendem a sua casa e ao “companheiro”. Esse tipo de personagem aparece constantemente nas novelas da rede globo.

Na recente novela das 18hs, "Lado a Lado", o divórcio era um dos temas chaves da trama.

Desse modo, segundo o censo de 2010, “a taxa de fecundidade (número médio de filhos que teria uma mulher ao final do seu período fértil) caiu de 6,16 em 1940 para 1,90 em 2010, portanto, abaixo do nível de reposição, que é de 2,10 filhos por mulher.” Isso significa que, atualmente, e cada vez mais rápido, a quantidade de crianças que nasce não é suficiente para manter a população estável.

Além disso, nos lugares onde se captava o sinal da emissora, aumentava o número de divórcios. Menos filhos, mais separações: eis a ideia de família que se constrói a partir das novelas.

Em uma entrevista a Época, Alberto Chong, quando questionado sobre a influência das novelas em relação ao aumento do número de divórcios, respondeu: “Estima-se que as taxas aumentaram de 3,3 em cada cem casamentos em 1984 para 17,7 em 2002, mais do que em qualquer outro país latino-americano [...] Nosso estudo avança na hipótese de que os valores da televisão, mais precisamente das novelas, contribuíram de fato para esse aumento, principalmente a partir do momento em que no Brasil há um alcance desse tipo de programa como em nenhum outro país. A novela é, de longe, a maior atração da TV e é veiculada pela Rede Globo, que tem mantido um domínio quase absoluto do setor por cerca de três décadas. Percebemos que, quando a protagonista de uma novela era divorciada ou não era casada, a taxa de divórcio aumentava, em média, 0,1 ponto porcentual.”

A ofensa direta aos cristãos e a aceitação do público

Isso sem contar as novelas que abordam temas de âmbitos gerais e religiosos para não parecerem totalmente antagônicas e deturpadoras como foi o caso de “América”, em que se mostravam imagens de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Guadalupe ao mesmo tempo em que uma personagem da novela, evangélica, era uma promíscua disfarçada. Além disso, abordava-se, mais uma vez, um casal homossexual que gerou polêmica e curiosidade do povo sobre a possibilidade de um primeiro beijo no horário nobre.

Em América, de Glória Perez, Nossa Senhora Aparecida aparecia em muitas cenas, ao mesmo tempo em que a novela abordava temas anti-cristãos.

“Provado pelos dois estudos e pelos olhos de qualquer cidadão que observe os vínculos de uma noveleira de plantão, não há dúvidas de que as novelas cumprem papel exclusivo na construção da mentalidade do povo brasileiro.”

As novelas moldam a moralidade, geram tendências sociais e nada está errado? Será que ninguém parou para pensar que tanto os autores quanto o canal da televisão podem abordar temáticas morais do modo como eles bem entenderem?

“Os autores se servem de realidades particulares e cotidianas para sensibilizar o público e depois, quando veem boa aceitação das histórias, direcionam as ações das personagens para o que querem que seja aceito, seja bem visto, polemizado e comentado pelo público geral.”

A implantação do ideais homossexuais através das novelas

Passemos, então, para uma análise dessa realidade. Além da fertilidade e do divórcio abordados na pesquisa do Banco Interamericano, outro assunto está em destaque, cada vez mais acentuadamente, nas novelas da Globo: o homossexualismo. E não é de hoje.

Desde a década de 90, em novelas como “Suave Veneno” e “Torre de Babel” o tema é explorado sutil e constantemente pelos autores que perdem, a cada nova roupagem, os limites e a ousadia nas cenas.

Fonte: http://ipco.org.br/home/noticias/novelas-a-educacao-de-sua-familia-feita-por-uma-rede-de-televisao?origem=100

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